[SAIBAMAIS]"Era muito barro caindo", conta. "Liguei a seta para tentar desviar, mas ninguém me dava passagem. Até que joguei o ônibus que ficou atravessado na pista e ninguém mais passou. Quando eu ia contornar o barro pra passar, ouvi um estalo e começou a cair tudo, o teto do túnel. Me joguei embaixo do banco."
Os bombeiros estão no local e, por enquanto, não há informações sobre feridos. A Defesa Civil já foi acionada e deverá avaliar se há risco de novos desabamentos. O túnel passa por baixo do Minhocão, um prédio de moradores. Um deslizamento de terra pode ter provocado o desabamento.
Como o motorista atravessou o ônibus na pista na tentativa de desviar do barro, acabou bloqueando a passagem dos carros e motos que vinham atrás. "Acabei ajudando porque todo mundo foi obrigado a parar", disse.
O motorista contou que pulou a roleta, abriu a porta de trás do ônibus e ajudou os dois passageiros saírem. "Vamos sair daqui porque pode cair mais coisa", eu disse para eles. Para Thiago, não foi sorte. "Foi livramento de Deus".
Estágio de crise
Após o desabamento da estrutura, o estágio de crise foi decretado às 12h35 por conta da mobilidade reduzida da população. Além do túnel, a Avenida Niemeyer, que também liga a zona sul à zona oeste, está interditada desde o fim da tarde desta quinta-feira, 16, por conta de um deslizamento de encosta provocado pela chuva.
O acesso só pode ser feito pelo Alto da Boa Vista, a Linha Amarela e a Grajau-Jacarepaguá. A cidade já estava em estágio de atenção por conta da chuva.
O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, pediu aos servidores públicos municipais que encerrem o expediente mais cedo, a fim de evitar sobrecarga no trânsito no horário do rush, no fim da tarde.
Em vídeo divulgado no Twitter, Crivella também fez um apelo para que moradores da zona sul e da Barra da Tijuca permaneçam, se possível, em casa, como forma de evitar mais problemas no trânsito. Crivella disse que a prefeitura já está empenhada para realizar o escoramento da estrutura que desabou e a retirada do entulho no local.
O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das enchentes na Câmara dos Vereadores do Rio, Tarcísio Motta (PSOL) afirmou que a Geo-Rio está sem condições de atender as necessidades da cidade.
O órgão da Prefeitura é responsável pelo monitoramento e contenção de encostas. O deslizamento de uma encosta provocou o desabamento de parte do teto do túnel Acústico Rafael Mascarenhas no início da tarde desta sexta-feira (17/5).
"Faltam servidores, viaturas para as vistorias, articulação entre os órgãos da prefeitura, orientação de prioridades, orçamento e planejamento. A Geo-Rio está sem condições de atender as necessidades da cidade", afirmou o vereador, depois de ouvir o depoimento do presidente da GEO-Rio, Herbem da Silva Maia.
A sessão, ocorrida na tarde de quinta-feira, também contou com as presenças dos técnicos da Geo-Rio Ricardo Neiva D;Orsi e Ernesto Ferreira, que foram perguntados sobre suas condições de trabalho e ações sobre a manutenção e contenção de encostas, estudos sobre áreas de risco, sistemas de alerta e de alarme sonoro e protocolo de interdição de vias.
Apesar de afirmar que o orçamento da instituição atende à demanda da cidade, Maia informou à CPI que há apenas quatro viaturas para a realização de vistorias em todo o município, que mais da metade do quadro de servidores da Geo-Rio vai se aposentar nos próximos dez anos e que não há um mapeamento geotécnico da zona oeste.
"Ficou claro que é preciso mais recursos para uma série de ações, como estender o sistema de alarme pra zona oeste e revisar o protocolo de interdição de vias, além de estendê-lo para outras áreas. A Geo-Rio está refém de governos que não consideram a prevenção de enchentes e deslizamentos uma política de estado. Não é possível que a Geo-Rio seja um órgão tão pequeno com uma função gigante", disse o vereador.