Jornal Correio Braziliense

Brasil

Polícia prende golpista que se dizia morador de área de risco de barragem

Investigado de 56 anos foi colocado na lista dos retirados de casa por risco de rompimento de reservatório da Vale mediante fraude. Ele acabou preso na fila para pegar vouchers da mineradora

Um homem de 56 anos foi preso nesta segunda-feira (13/5) pela Polícia Civil de Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, por ter sido inserido mediante fraude na relação dos desalojados pela mineradora Vale das residências que ocupam a chamada zona de autossalvamento da barragem B3/B4, que fica em São Sebastião das Águas Claras, distrito de Nova Lima conhecido como Macacos.

[SAIBAMAIS]

Esse reservatório foi elevado ao nível 3 de segurança, que indica risco iminente de ruptura, após o desencadeamento da crise das barragens em virtude da tragédia de Brumadinho. As sirenes da barragem B3/B4, da Mina Mar Azul, tocaram em 16 de fevereiro, obrigando várias pessoas a deixarem suas residências. A situação gerou pânico em Macacos, prejudicou severamente o turismo no vilarejo e também atraiu a atenção de golpistas.

Quando o desastre em Brumadinho completou três meses, no último dia 25, a Vale informou que tinha realocado 263 pessoas para hotéis e pousadas, mas o número pode sofrer alterações em virtude da ação de golpistas. O delegado Murillo Ribeiro, da 3; Delagacia de Nova Lima, destacou que Luiz Carlos da Silva, de 56 anos, já estava há 20 dias morando em uma pousada em Macacos bancada pela Vale, além de ter toda a alimentação custeada pela empresa.Continua depois da publicidade

"Ele já havia protocolado um requerimento para receber uma doação de R$ 5 mil", diz o delegado. O policial explica que a Vale já iniciou o pagamento de algumas doações nesse valor para pessoas que tiveram que sair de suas casas, mas Luiz Carlos é um golpista. Ele é morador do Bairro Betânia, em Belo Horizonte, e não tem nenhuma relação com Macacos, segundo o delegado.

Ele foi preso, inclusive, enquanto aguardava na fila para receber vouchers da mineradora Vale, em Macacos. A prisão de Luiz Carlos é preventiva e ele alegou, segundo o delegado, que passava por dificuldades e por isso aplicou o golpe. Para ser inserido na lista ele apresentou um comprovante de residência de uma pessoa e disse ter ligação de parentesco com ela, o que justificaria a necessidade de atendimento. Porém, o delegado disse que isso indica para uma formação de quadrilha, pois outras pessoas apresentaram o mesmo endereço e podem ser alvos de próximas fases da operação desencadeada hoje.

"Um dos motivos de a gente divulgar a operação é tentar evitar que outras pessoas façam a mesma coisa", diz o policial.