A Justiça Federal condenou 26 acusados por ligação com tráfico internacional de drogas via portos brasileiros, principalmente o de Santos, o maior da América Latina. A sentença acolhe denúncia do Ministério Público Federal no âmbito da Operação Brabo, que desarticulou organização criminosa com mais de 150 integrantes.
As penas aplicadas somam quase 400 anos. Esta é a primeira sentença contra traficantes desse grupo.
As informações foram divulgadas pela Procuradoria em São Paulo - O número da ação em que a sentença foi proferida é 0015509-37.2017.403.6181.
A Operação Brabo, deflagrada em setembro de 2017, levou à apreensão de aproximadamente nove toneladas de cocaína que seriam remetidas a terminais europeus naquele período.
As investigações apontaram a participação direta de líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC), "facção criminosa que deu suporte logístico e financeiro às atividades do grupo".
Entre eles estão alguns dos supostos coordenadores do esquema, como Ronaldo Bernardo, condenado a 21 anos e 7 meses de prisão, Luís de França e Silva Neto, sentenciado a 24 anos e 2 meses de reclusão, e Patrício da Silva Fausto, cuja pena alcança 13 anos e 6 meses de cadeia.
Segundo informou o Ministério Público Federal em São Paulo, a droga era adquirida em países vizinhos, como Bolívia e Colômbia, para distribuição na Europa por meio de portos na Itália, Rússia, Bélgica, Espanha e Inglaterra.
A Procuradoria informou que integrantes da máfia sérvia também estão entre os réus. "Bozidar Kapetanovic e Miroslav Jevtic faziam parte da cúpula da organização criminosa e participavam das decisões, da compra das drogas e de seu direcionamento", assinala a acusação.
Eles foram condenados, respectivamente, a 23 anos e 6 meses e 17 anos e 8 meses de prisão.
Segundo as investigações, as ações do grupo seguiam uma extensa divisão de tarefas para viabilizar a movimentação das cargas desde o fornecimento até a recepção na Europa.
Parte dos envolvidos dedicava-se à logística de embarque da droga, executando tarefas como a cooptação de tripulantes dos navios e a inserção dos carregamentos em contêineres previamente selecionados.
Funcionários de terminais no Porto de Santos também foram identificados em atividades vinculadas à organização criminosa, assim como um agente de segurança portuário, destaca o Ministério Público Federal.
Todos os réus condenados já estão presos e não poderão recorrer em liberdade.
A Procuradoria vai recorrer para que a ordem judicial contemple outras requisições, entre elas a condenação de seis pessoas absolvidas na decisão da 9.ª Vara Criminal Federal de São Paulo.
Além desta ação, outras três relativas à Operação Brabo tramitam na Justiça.
O desmembramento dos casos foi determinado ainda em 2017 devido ao grande número de acusados e às diferentes situações processuais em que se encontravam.