A abertura do estudo de tombamento de um conjunto de sobrados na Vila Mariana, zona sul, foi aprovada na tarde desta segunda-feira, 15, pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp). Aberta em 2006, a solicitação entrou em pauta após ex-moradores e vizinhos se mobilizarem contra a possível demolição dos imóveis.
Com a decisão, o Departamento do Patrimônio Histórico (DPH) deverá fazer um levantamento sobre o conjunto de imóveis. O estudo final será enviado para o Conpresp deliberar sobre o tombamento definitivo. Durante o processo, intervenções na vila precisarão ser previamente autorizadas pelo conselho.
O pedido de tombamento foi aberto há 13 anos pela arquiteta Cíntia Padovan, de 58 anos, que residiu na vila por mais de 20 anos. Segundo ela, o conjunto de sobrados data dos anos 30 e tem estilo italiano. "Ninguém mexeu nas características das casas. A vila é muito conservada, tem uma formação de praça. Ainda tem gancho de amarrar cavalo e uma curva que só carroça e carro pequeno para entrar", disse ao Estado na semana passada.
Na quinta-feira, 11, o muro que separa a vila da Rua Fabrício Vampré foi derrubado, enquanto parte das janelas e portas teria sido retirada no dia anterior. A ação gerou um movimento de ex-moradores e vizinhos contra a demolição das casas. Como o pedido de tombamento não havia sido avaliado, a Prefeitura de São Paulo e a Justiça suspenderam temporariamente a demolição na sexta-feira, 12.
Os sobrados foram esvaziados em 2017, a pedido dos proprietários. Os inquilinos afirmam ter se proposto a comprar, o que não foi acatado. Hoje, a vila pertence à Ordem da Imaculada Conceição.
O jornal O Estado de S. Paulo não conseguiu novo contato com a entidade. Na quinta-feira, ela alegou que os sobrados estão "livres e desimpedidos" e não forneceu detalhes sobre o que será erguido no terreno, que tem entrada pela Avenida Conselheiro Rodrigues Alves. "Em relação às demolições, esclarecemos que foram adotados os procedimentos legais e obtidas as devida autorizações para a execução dos serviços, agindo, portanto, dentro da legalidade e do exercício do direito sobre a propriedade", disse na ocasião.