O aumento do número de casos de violência contra a mulher colocou o Brasil em 5;lugar entre os países que mais cometem feminicídios em todo o mundo. Até fevereiro deste ano, mais de 126 mulheres foram assassinadas no país, em crimes ligados ao gênero das vítimas. Apenas no Distrito Federal, o número de ocorrências desse tipo de crime cresceu 50% em 2018, segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF).
Diante deste cenário, é preciso usar todos os recursos, além dos meios tradicionais de denúncia, para combater a violência contra a mulher em todos os âmbitos. É por isso que o surgimento de aplicativos para celular podem ajudar não apenas a coibir a violência, mas também a criar uma rede feminina de apoio e ajudar as mulheres em situação de risco.
Advogada especialista em Direitos Humanos, Soraia Mendes avalia que os apps são um importante auxílio no combate à violência contra a mulher e até utiliza um desses aplicativos, o Juntas. Ela ressalta, contudo, que eles não dispensam o debate e a busca por outras formas de lutar contra esse mal.
"Temos até outros instrumentos tecnológicos, como o botão do pânico, que são válidos, mas até determinado limite. Eles te dão uma relativa proteção. Não existe proteção completa nenhuma. Infelizmente, temos visto que até as decisões judiciais são desrespeitadas, com agressores descumprindo medidas protetivas e chegando até a situaçõe de feminicídio. É um auxílio a mais, mas precisamos continuar buscando formas de diminuir e até, quem sabe, acabar com a violência contra a mulher", pontuou.
Para o especialista em tecnologia e desenvolvimento digital Bruno Ducatti o fato de aparelhos tecnológicos estarem nas mão da maioria dos brasileiros contribui para que esse auxílio chegue a mais pessoas. "Estudos mostraram que no Brasil já existe mais de um smartphone ativo por habitante. Com a tecnologia a serviço do combate à violência contra a mulher, não somente as denúncias podem aumentar, como a dminuição dos crimes. É usar a tecnologia a favor de salvar vidas", avalia.
Confira abaixo uma lista de sete apps que ajudam as vítimas de violência a lutar para diminuir o número de casos no país:
Salve Maria (Piauí)
Nesse aplicativo, é possível fazer denúncias de forma anônima. Todas as mensagens são enviadas por meio de um canal seguro, e recebidas por um servidor público que dará seguimento à denúncia. O aplicativo é do governo do Estado do Piauí e já foi conhecido internacionalmente.
SOS Mulher
Desenvolvimento pela Polícia Militar de São Paulo, o aplicativo permite que as pessoas abrangidas por medida protetiva concedida pela Justiça acionem o serviço de emergência 190, quando sentirem que estão correndo risco.
PenhaS
A plataforma traz informações e mapas com pontos de apoio à vítima. Além de ter um chat para que as mulheres possam conversar com outras mulheres, e também, ao criar uma rede de proteção, é possível gravar uma agressão e ligar direto para a polícia.
Salve Maria (Uberlândia)
Homônimo ao aplicativo do Piauí, esta plataforma viabiliza o envio de denúncias de violência contra a mulher. Além disso, conta com o botão do pânico, que envia sua localização para as autoridades em caso de violência contra a mulher.
Juntas
O Juntas cria uma rede de proteção para mulheres, que pode ser acionada em situações de perigo. Além disso, também disponibiliza um conjunto de estudos, pesquisas e informações sobre o tema.
Mete a Colher
O app conecta diretamente mulheres que precisam de ajuda com outras que podem oferecer apoio de forma voluntária. Nele, é possível contar com três categorias de pedidos de ajuda: apoio emocional, orientação jurídica e inserção no mercado de trabalho. Neste último caso, a ideia é auxiliar mulheres na procura de um emprego para largar a dependência financeira do parceiro.
Apoio Vítima
Desenvolvido por uma ONG portuguesa, a Mulher Século XXI - Associação de Desenvolvimento e Apoio às Mulheres, o aplicativo oferece um questionário para que as mulheres consigam identificar se estão sendo vítimas de algum tipo de violência. Ele também traz um manual sobre como agir nesses casos e endereços de centros de apoio ; que, no entanto, ficam em Portugal.