Sob gritos de "justiça, justiça", foi sepultado, no fim da manhã desta quarta-feira (10/4), o corpo do músico Evaldo dos Santos Rosa, de 51 anos. Ele foi morto a tiros após o carro que dirigia ter sido alvejado por 80 disparos efetuados por militares, na tarde do último domingo (7/4).
Pelo menos duas centenas de pessoas acompanharam o enterro no cemitério de Ricardo de Albuquerque, na zona norte do Rio. Em coro, os presentes cantaram os versos "quero chorar o seu choro, quero sorrir seu sorriso, valeu por existir", em homenagem ao músico.
A ONG Rio de Paz distribuiu 80 pequenas bandeiras do Brasil perfuradas e manchadas de vermelho, representando o total de disparos que a perícia apontou terem sido disparados.
Após o sepultamento, o clima era de revolta. Luciana Nogueira, 41, viúva de Evaldo e que também estava no carro no domingo, transformou o choro incontido em gritos de protesto. "Eu quero justiça! Meu filho de sete anos não para de pedir ;eu quero meu pai, eu quero meu pai;", bradava.
Jackson Oliveira, primo de Evaldo, estava desolado. "Eles mataram mais um trabalhador. Ele era como um pai pra mim e para os meus irmãos", lamentou.