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Crime deixa cidades sem agências bancárias

Durante quase um ano, o gerente de padaria André Luis Rafanelli, da padaria Cinco Estrelas, em Tapiraí (SP), foi obrigado a se deslocar duas vezes por semana para Piedade, a 35 km, para fazer serviços bancários. A única agência da cidade de 8 mil habitantes foi atacada com explosivos por um bando em março de 2018 e só voltou a funcionar plenamente há duas semanas. "Abriram há um mês em outro prédio, mas os serviços estavam limitados. Só agora os caixas eletrônicos foram repostos", diz Rafanelli. O gasto adicional com viagens a Piedade ficou em R$ 400 por mês. Em dois anos, foram registrados 202 ataques com explosivos a bancos no Estado. Foram 100 em 2017 e 102 em 2018, segundo a Secretaria da Segurança Pública. Em janeiro e fevereiro deste ano, houve 12 casos. O banco de Tapiraí ostenta um recorde indesejável: foi atacado com explosivos oito vezes nos últimos seis anos. "Acredito que o banco mudou de prédio agora porque aquele já foi explodido muitas vezes", disse a servidora municipal Larissa Daniel da Silva. Outras cidades paulistas vivem o drama de agências fechadas após ataques. Em Sarutaiá, os 3,6 mil habitantes estão sem banco desde que a única agência foi explodida, em 2014. O prédio foi reformado, mas nunca reabriu. Em 2017, o banco anunciou a desativação da agência. A prefeitura foi à Justiça para tentar reabri-la e conseguiu decisão favorável em primeira instância, mas o banco recorreu e obteve efeito suspensivo. O processo ainda terá julgamento final. O aposentado Horácio Ribeiro, de 71 anos, é obrigado a tomar o ônibus e seguir para Fartura para receber a aposentadoria e fazer serviços bancários. "Tem gente que paga conta com celular, mas, na minha idade, sempre preciso da ajuda de um funcionário", disse. Atendimento parcial Os 10,8 mil moradores de São Bento do Sapucaí, no Vale do Paraíba, também sofrem os efeitos das ações das quadrilhas. As agências de três bancos foram explodidas em um ataque, na madrugada de 11 de fevereiro. Os prédios foram recuperados e as agências reabriram, mas o atendimento em uma delas é parcial. "Os caixas eletrônicos não foram reinstalados e virou um problema, porque as filas para atendimento pessoal são muito grandes", reclama o comerciante José Spadotto Alves. Duas das agências já haviam sido explodidas por criminosos em setembro de 2017. A prefeitura informou que firmou convênio com a Secretaria da Segurança Pública do Estado para instalar câmeras de monitoramento nas ruas. Em Boa Esperança do Sul, norte do Estado, os 14,5 mil moradores vivem um drama parecido. Em 23 de março, uma quadrilha atacou as três agências bancárias da cidade e os moradores foram obrigados a buscar serviços em outras cidades. "Quando não dá para resolver por aplicativo, não tem jeito, tenho de pegar o carro e vou bater em Araraquara, a 37 quilômetros", disse o operador telefônico Emerson Simplício. Desde 2014, houve cinco ataques a bancos na cidade. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.