Em um momento de austeridade nos gastos e de crise no Ministério da Educação, três assessores da pasta ligados ao escritor Olavo de Carvalho vão viajar para Paris, com passagens e diárias pagas pelos cofres públicos. Entre os dias 6 e 14, participarão de eventos que a equipe da pasta classifica como "assuntos laterais" da área do ensino.
Pela agenda oficial, os assessores participam apenas de encontros com integrantes da Delegação do Brasil na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), da sessão da Education Policy Committee (EDPC) e da visita à Casa França-Brasil. Integram a comitiva Bruna Luiza Becker, assessora especial do MEC, Mariana Nascimento Santos, chefe interina da Assessoria Internacional da pasta, e Murilo Rezende Ferreira, assessor do gabinete do ministro Vélez Rodríguez.
O jornal O Estado de S. Paulo procurou o MEC para saber a razão da viagem e os custos. Até as 19h40 não havia obtido resposta. Todos os integrantes do grupo fazem parte da equipe de "olavistas", seguidores do escritor Olavo de Carvalho, que na gestão de Jair Bolsonaro passaram a trabalhar no ministério. O grupo é apontado como um dos pivôs da crise que se instalou em fevereiro, quando o ministro Ricardo Vélez Rodríguez enviou uma carta às escolas, sugerindo que crianças fossem gravadas cantando o Hino Nacional.
Em uma tentativa de permanecer no cargo, Vélez assinou mais de 15 exonerações. Teve dificuldades, no entanto, para preencher as vagas, o que acabou agravando a crise e aumentando a paralisia dos programas. Somente na sexta, por exemplo, o posto de secretário executivo foi preenchido. Depois de 15 dias vago, passou a ser ocupado pelo tenente brigadeiro Ricardo Machado Vieira. Ele tem como missão "esfriar" o clima e tentar reduzir a exposição do governo. A previsão é de que, em um segundo momento, seja oficializada a saída de Vélez do cargo - dada como certa por integrantes do Planalto.
Novo nome
A expectativa é de que a definição sobre o novo nome para ocupar a pasta ocorra logo depois do retorno de Bolsonaro da atual série de viagens. Ele já criticou publicamente o ministro da Educação. A demora para a reestruturação é atribuída à dificuldade para encontrar um sucessor. Bolsonaro estaria em busca de um nome que agradasse à bancada evangélica. Um dos cotados é o senador Izalci Lucas (PSDB-DF). Ele teria perdido pontos, no entanto, quando, em uma conversa com um emissário, teria exigido mais recursos e autonomia para indicar toda a equipe. Vendo que seu prestígio havia caído, o senador semana passada passou várias horas no Planalto, conversando com militares, que também disputam poder no MEC. Izalci teria admitido uma composição, abrindo novamente espaço para negociação.
Ao Estado, o senador afirmou que estaria disposto a ingressar no MEC. Mas negou que, nas longas audiências no Planalto, o assunto fosse esse. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.