Barão de Cocais ; Treinamento para evitar uma tragédia maior do que a ocorrida há exatos dois meses em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Cerca de 9 mil moradores de Barão de Cocais, na Região Central do estado, deverão participar, hoje, às 16h, de um simulado para saber como agir no caso de rompimento da Barragem Sul Superior da Mina de Congo Soco, da Vale. O total de habitantes afetados havia sido recalculado na noite de sábado pelas autoridades, que passaram a falar em 6 mil pessoas envolvidas, mas a estimativa foi refeita ontem. As atividades vão começar pela manhã, com reuniões às 9h, 11h e 13h, realizadas de forma simultânea em escolas, praças, clube e na Fazenda Soledade. Foi decretado feriado municipal, com escolas e comércio fechados durante o treinamento, e as entradas da cidade ficarão bloqueada por viaturas da Polícia Militar de Minas Gerais.
MP pede bloqueio de até R$ 3 bi da Vale e elaboração de plano para garantir segurança de barragem em Barão de Cocais
Segundo o coordenador estadual adjunto da Defesa Civil, tenente-coronel Flávio Godinho, os trabalhos terão início em reuniões com pessoas da comunidade, para informar sobre rotas de fuga e pontos de encontro com estrutura logística: bairros Viúva e São Geraldo, Vila da Chácara, Capim Cheiroso (Corta Guela) e Vila de Sempre, Três Moinhos e Ponte Paixão, Bairro São Paulo, Vila Regina e Centro e Bairro Sagrada Família. Na tarde de ontem, ao lado do comandante da 57; Companhia da PM de Barão de Cocais, capitão Ednilson Emerick Caldeira, e do tenente Marlon Pinho Medeiros, do 6; Pelotão de Itabira do Corpo de Bombeiros, Godinho apresentou o plano de ação, mostrando mapas com a mancha em eventual catástrofe (veja arte), que poderá atingir os municípios de São Gonçalo do Rio Abaixo e Santa Bárbara.
Ontem foram instaladas 1 mil placas de sinalização nos pontos de encontro e rotas de fuga, com previsão de instalação de mais 1,4 mil hoje, além de distribuídos 5 mil panfletos com os dados essenciais para garantir a segurança. Godinho explicou que, para facilitar o trabalho, a cidade foi dividida em quadrantes, e os moradores serão acolhidos por cerca de 600 funcionários da Vale. Residente no Centro, perto do Santuário São João Batista, do século 18, no Centro, a aposentada Cacilda de Moraes Silva, viúva, contou ontem que está muito apreensiva com a iminência de uma catástrofe. ;Estamos preocupados e a informação é muito importante neste momento. Não tenho dormido em casa, fico com minhas irmãs, mas quero saber como agir no caso de rompimento da barragem. Estou até convidando as pessoas;, afirmou, enquanto olhava a placa quase à beira do Rio São João.
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Segurança
Também morador da chamada zona secundária, para a qual, na noite de sexta-feira, foi acionada a sirene nível 3 (último estágio antes da ruptura da barragem), o aposentado Efigênio Raimundo Aparecido, de 68, do Bairro São Geraldo, conferiu as placas e considera importante estar presente ao treinamento para receber as instruções. Já um senhor de 86 anos, que estava por perto, garantiu que não vai sair de casa ;de jeito nenhum;. Nesses casos, a PM e os bombeiros contam com equipes para fazer a abordagem e conscientizar as pessoas sobre os riscos de permanecer nos imóveis. Em 8 de fevereiro, 454 pessoas já haviam sido retiradas da comunidade de Socorro, bem próxima à barragem, e abrigadas em hotéis da cidade.
As autoridades não sabem precisar a duração do treinamento, mas afirmam que toda a remoção dos moradores deverá ser feita a pé ; portanto, todos os carros terão que ficar nas casas. O comandante da 54; Companhia da PM, capitão Ednilson Emerick Caldeira, explicou que há um esquema montado para proteção, especialmente, das casas no Centro, bairros São Geraldo e São Sebastião, Vila Regina e Três Moinhos~, que ficam perto do Rio São João. ;Mapeamos a cidade seguindo padrões internacionais. O tempo para a lama chegar à primeira comunidade, em caso de rompimento, é de uma hora e 12 minutos. Já até Santa Bárbara, são três horas e seis minutos;, disse Godinho.
Justiça manda fechar fórum
O medo que se espalhou pela cidade de Barão de Cocais, na Região Central do estado, motivou a juíza Renata Nascimento Borges a suspender o expediente forense por três dias no município. Com isso, o Fórum Desembargador Omar Avelino Soares ficará fechado de hoje até quarta-feira (25, 26 e 27), sem necessidade de comparecimento dos servidores. Assim, medidas urgentes serão atendidas pela mesma magistrada na comarca de Santa Bárbara, cidade vizinha a Barão de Cocais. Com a medida, todas as audiências marcadas para os próximos três dias serão remarcadas para outra data. Já os prazos processuais que se encerrariam nesses dias vão vencer no próximo dia útil, ou seja, na quinta-feira.