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Órgão de tubos da USP será inaugurado em catedral evangélica

Após quase seis anos encaixotado e sem uso, o órgão de tubos comprado pela Universidade de São Paulo (USP) será inaugurado na Catedral Evangélica de São Paulo (Igreja Presbiteriana), na região central. O projeto inicial é que o instrumento, que custou cerca de 2 milhões de euros (R$ 7 milhões), fosse instalado no Centro de Convenções da Cidade Universitária - que teve a construção interrompida em 2014. Uma série de concertos gratuitos e abertos ao público começa hoje. O instrumento, que é normalmente usado na música sacra, tem 5 corpos, 3.400 tubos de metal, 175 tubos de madeira, 11 foles e 4 teclados elétricos com 58 notas e 32 notas de pedais. No total, são 16 toneladas de equipamentos. O órgão de tubos foi construído pela empresa alemã Gerhard Grenzing - é o primeiro montado na América do Sul. Iguais a ele, só em auditórios como o Nacional de Música de Madri (Espanha), o Nacional de Niigata (Japão) e os das Catedrais de Madri e Bruxelas. A instalação do órgão teve início em outubro. Estima-se que só a sua montagem tenha custado mais de R$ 1 milhão, pagos pela Catedral Evangélica. O acordo com a USP é de comodato. O instrumento ficará no local por 25 anos - que podem ser renovados no fim do período. "Órgãos de tubos fazem parte da nossa tradição litúrgica. Primeiro, nossa comunidade aprovou a parceria com USP. Depois, os técnicos avaliaram a possibilidade de instalação na catedral. O instrumento encaixotado e sem uso poderia estragar a longo prazo. Aqui, será usado para concertos e com função educacional", disse o reverendo Valdinei Ferreira. A Catedral evangélica tem órgão de tubos. Ele foi doado pela Igreja Presbiteriana de Greenville (EUA), em 1986. Trata-se de um instrumento de 1911, da marca Austin, e com mais de cem anos de uso. "Em algumas peças, os dois órgãos serão tocados simultaneamente. O resultado será incrível", comentou o reverendo. "Foi fundamental que esse órgão viesse para a Catedral. Esse é um espaço musical incrível. É importante para que a sociedade e os alunos possam desfrutar de um repertório de música sacra. Além disso, se ele ficasse mais tempo sem uso poderíamos ter problemas com a deterioração do instrumento", comentou o professor José Luis de Aquino, do Departamento de Música da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP. Aquino é o único professor de órgão de tubos da USP. "Um instrumento como esse vai ajudar na formação de muita gente", completou. O convênio entre USP e Igreja Presbiteriana também estabeleceu a elaboração de programas de incentivo à música e de educação musical. A compra O órgão foi comprado em 2013, na gestão do reitor João Grandino Rodas (2010-2013). A ideia inicial era que fosse instalado no câmpus, naquele que seria o Centro de Convenções da Cidade Universitária. Em meio à crise orçamentária, a obra do Centro de Convenções foi interrompida em 2014, já na gestão do reitor Marco Antonio Zago. Por um tempo, imaginou-se instalar o órgão no Centro de Difusão Internacional, dentro da própria USP. Em meados de 2015, o Conselho Universitário aprovou a instalação do instrumento na Catedral Metropolitana de São Paulo, na Praça da Sé. Foram anos de negociações e conversas com a Cúria. Questões técnicas e financeiras interromperam as negociações. Em 2017, o mesmo Conselho Universitário aprovou a parceria com a Catedral Evangélica. Programação A programação que inaugura o órgão de tubos para o público começa hoje, às 20 horas, com o Coro da Osesp e o professor José Luís de Aquino. Amanhã, às 16h30, recital de Órgão, com Márcio Arruda, organista da Catedral Evangélica. Já no dia 29, às 20 horas, há mais um recital de órgão, com o professor José Luís de Aquino. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.