"Foi uma perda tão brusca que não há o que conforte, pois a dor não passa", afirma Karine Santos Oliveira Lopes, de 28 anos, mãe do bebê Bernardo, de 1 ano e 2 meses, morto no soterramento que destruiu a casa da família, em 11 de março, após um temporal em Embu das Artes, na Grande São Paulo.
Eram 4h30. Ela tinha acabado de amamentar a criança e observava o marido, Mike Lopes Alves, de 29 anos, que fazia carinho no bebê, antes de se arrumar para o trabalho. "Foi de repente, a gente ouviu um estalos e veio tudo para baixo. O Mike tentou pegar o bebê, mas caiu tudo em cima dele. Eu saí gritando, pedindo ajuda. Os vizinhos vieram logo, mas só conseguiram tirar o Mike. Meu bebezinho sumiu embaixo daquele monte de terra. Cavamos com a mão, com a pá, com tudo o que deu, não teve jeito."
Depois que enterrou o filho, há uma semana, Karine não teve forças para voltar ao cemitério. "Está tudo muito vivo, as imagens não saem da minha cabeça. O que sobrou da casa ainda está lá, mas não tive coragem de entrar. Alguns móveis, as roupinhas dele, está tudo na garagem de um vizinho." O pai de Bernardo foi retirado com vida dos escombros, mas sofreu um deslocamento no joelho.
O casal se abrigou na casa do consultor de RH Marcos Donizete Lopes, pai de Mike, no mesmo bairro. O marido está afastado do trabalho e não consegue andar - só se locomove em cadeira de rodas. Hoje passará por avaliação no Hospital Geral de Taboão da Serra para uma possível cirurgia. Karine conta que estavam morando no local da tragédia havia seis meses. Ele comprou o terreno e teve a ajuda da família para erguer a casa. "A gente não sabia do risco."
A prefeitura de Embu das Artes informou que a área em que aconteceu o deslizamento é de loteamento irregular e sob ação civil pública. O local está sendo monitorado pela Defesa Civil três vezes ao dia e também pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.