Os quatro acusados pela morte do menino Bernardo Uglione Boldrini, em abril de 2014, foram condenados nesta sexta-feira (15/3) pelo Conselho de Sentença do Tribunal do Júri. Após cinco dias de julgamento, a decisão foi lida no começo da noite pela juíza Sucilene Engler Werle no Foro de Três Passos, no Noroeste do Rio Grande do Sul. Pai, madrasta e outros dois acusados responderão pelo crime.
Interrogados, o pai do menino, a amiga da madrasta e o irmão dela negaram participação no crime. A madrasta Graciele Ugulini alegou que houve ;um acidente; com superdosagem de remédios. "Uma série de erros", como disse ela ao juri, no primeiro dia de julgamento.
Memória
Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos, foi dado como desaparecido em 4 de abril de 2014. Depois de 10 dias, o corpo dele foi encontrado em uma cova vertical, às margens de um riacho, no município Frederico Westphalen, a cerca de 81km de Três Passos. Laudos periciais apontaram como causa da morte a superdosagem de um sedativo, encontrado no estômago, no rim e no fígado da vítima.
Os acusados do crime são pai do menino, Leandro Boldrini; a madrasta, Graciele Ugulini, e dois amigos da mulher, os irmãos Edelvânia e Evandro Wirganovicz. A criança, que sofria constantes abusos psicológicos e teve a história marcada por desamparo e negligência, segundo os autos, já havia pedido ajuda ao Ministério Público para não morar mais com o pai e a madrasta. As brigas eram frequentes na casa da família. Algumas foram gravadas pelo pai de Bernardo. Em um dos vídeos, a reação do menino demonstra que essa era uma prática do casal.
A mãe do menino, Odilaine, foi encontrada morta dentro da clínica do então marido, em fevereiro de 2010. A polícia havia concluído que ela cometeu suicídio. A versão foi contestada, mas a nova investigação não apontou indícios de homicídio.
Penas:
Leandro Boldrini, pai de Bernardo, foi condenado a 33 anos e 8 meses de prisão. Desses, 30 anos e 8 meses são por homicídio, 2 anos por ocultação de cadáver e 1 ano por falsidade ideológica
Graciele Ugulini, madrasta da criança, foi condenada a 34 anos e 7 meses de prisão, sendo: 32 anos e 8 meses por homicídio e 1 ano e 11 meses por ocultação de cadáver.
Edelvânia Wirganovicz, amiga de Graceiele, foi condenada a 23 anos de reclusão, dos quais, 21 anos e 4 meses pelo homicídio e 1 ano e 6 meses por ocultação de cadáver.
Evandro Wirganovicz, irmão de Edelvânia, recebeu a pena total fixada foi de 9 anos e 6 meses, sendo 8 anos por homicídio simples e 1 ano e 6 meses por ocultação de cadáver. Apenas ele cumprirá a pena em regime semiaberto.
As partes podem recorrer da decisão, mas, para isso, seria necessário um novo julgamento popular.