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No 3º dia de julgamento, pai do menino Bernardo culpa madrasta pelo crime

Bernardo Boldrini, de 11 anos, foi morto por superdosagem de medicamento sedativo em abril de 2014

Agência Estado
postado em 13/03/2019 22:17

Leandro Boldrini, pai de Bernardo, com a madrasta Graciele Ugulini3; dia

O médico Leandro Boldrini, pai de Bernardo Boldrini, de 11 anos, morto por superdosagem de medicamento sedativo, disse em depoimento na quarta-feira, 13, que a madrasta do garoto foi a mentora do crime. A criança foi morta em abril de 2014 em Três Passos, no norte do Rio Grande do Sul.

O júri popular começou na segunda-feira e deve terminar só no fim da semana. O réu acrescentou que não se preocupou com o sumiço do menino no dia 4 de abril de 2014, data da morte, porque Bernardo costumava ir para a residência de amigos jogar videogame.

Antes, o promotor Ederson Vieira mostrou extratos de ligações do réu na época do crime, citando um espaçamento de quase um dia sem ligar para o filho desaparecido. Hoje, a madrasta Graciele Ugulini, que se manteve em silêncio até agora, será ouvida.

2; dia

O segundo dia de julgamento dos quatro acusados de assassinar o menino Bernardo Boldrini, de 11 anos, no interior do Rio Grande do Sul, contou com o depoimento de seis testemunhas, durante oito horas de sessão. A primeira a falar, na manhã de terça-feira, 12, foi a vizinha da família Boldrini, Juçara Petry, por quem Bernardo tinha um carinho especial e a quem tratava como mãe.

Durante as declarações, Juçara se emocionou várias vezes ao se lembrar do garoto e, antes de prestar depoimento, solicitou à juíza a retirada dos quatro réus da sala, o que foi aceito. Nas declarações, a vizinha ressaltou que, na companhia do marido, incentivava a aproximação de Bernardo com o pai dele, o médico Leandro Boldrini, acusado pela morte. Também afirmou que costumava ajudar o garoto com os deveres da escola e que havia escutado pedidos de socorro do menino.

Durante o depoimento, ela recordou as vezes em que Bernardo chegou em sua casa mal vestido. "Ele chegava da escola com a roupa suja e não tinha outra, então eu lavava a roupa dele, colocava um pijama e, no outro dia, o levava para a empresa, e lá ele ficava comigo, fazia os temas", disse a empresária. Juçara depôs por cerca de 3 horas.

À tarde, a psicóloga de Bernardo prestou depoimento. Ariane Schmitt afirmou que atendeu o garoto em seis consultas. A primeira sessão ocorreu em 2011, depois que mãe do menino, Odilaine Uglione, se suicidou. A psicóloga comentou sobre medicamentos de uso controlado que o menino costumava carregar e que administrava por conta própria. Para Ariane, Leandro Boldrini é um homem "tangencial, periférico, sem vínculo e empatia".

Durante a sessão, vídeos de Bernardo se trancando em um armário e segurando uma faca enquanto era filmado pelo pai foram exibidos para os jurados.

Uma das testemunhas afirmou que ouviu a própria madrasta de Bernardo, a enfermeira Graciele Ugulini, também acusada pelo crime, reclamar que "não aguentava mais o guri, que tinha de internar em um colégio e que dinheiro ela tinha pra dar um fim no guri", disse Andressa Wagner, ex-secretária de Leandro Boldrini, aos jurados.

Andressa também contou que Graciele pedia que ela "expulsasse" o garoto do consultório médico do pai. Já a testemunha elencada pela defesa de Leandro Boldrini, a ex-babá do menino Lori Heller respondeu apenas a questionamentos pontuais e 15 minutos após as primeiras declarações passou mal e teve de deixar a sessão com pressão alta.

1; dia

Começou na segunda-feira, 11, o julgamento dos acusados pela morte do menino Bernardo Boldrini, de 11 anos. A sessão começou às 9h30 no Fórum da cidade de Três Passos, no norte do Rio Grande do Sul, O julgamento é conduzido pela juíza Sucilene Engler.

O menino foi assassinado em abril de 2014 e o corpo foi encontrado 10 dias depois, enterrado e envolto em um saco plástico. O pai, Leandro Boldrini, e a madrasta, Graciele Ugulini, foram presos pelo crime, assim como Edelvânia e Evandro Wirganovicz. O grupo responde por homicídio qualificado e ocultação de cadáver. Além disso, Leandro Boldrini responderá pelo crime de falsidade ideológica.

A primeira etapa da sessão foi a escolha dos jurados e, logo depois, a delegada responsável pelo caso, Caroline Bamberg Machado, começou a depor. O depoimento durou cerca de quatro horas e meia e Caroline respondeu a todas as questões feitas pela juíza, promotores e advogados.

A policial explicou que a hipótese de assassinato ganhou força com os depoimentos sobre abandono e descaso do pai e da madrasta em relação a Bernardo. Durante a declaração, a delegada afirmou que considera a confissão de Edelvânia uma prova que, associada a outras, ajudaram na sua convicção do crime e ressaltou que "em nenhum momento Edelvânia foi coagida", disse.

A delegada Cristiane de Moura, de 44 anos, também prestou depoimento.

O caso

Bernardo desapareceu no dia 4 de abril de 2014. O corpo foi encontrado no dia 14, enterrado em um matagal, em Frederico Westphalen, a 80 quilômetros de Três Passos. A polícia prendeu a madrasta, Graciele Ugulini, o pai de Bernardo Leandro Boldrini, a assistente social Edelvânia Wirganovicz e o irmão de Edelvânia, Evandro Wirganovicz, como suspeitos do crime.

A investigação apurou que o garoto era rejeitado pela madrasta, sofria com o descaso do pai e havia pedido à Justiça para morar com outra família. Por acordo proposto pelo pai e aceito por Bernardo no início daquele ano, haveria uma tentativa de reaproximação familiar. Foi nesse período que o menino foi assassinado.

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