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Em novo posicionamento, Doria reconhece excesso da polícia em bloco de carnaval

O governador João Doria (PSDB) reconheceu nesta sexta-feira, 8, o que chamou de "excesso" por parte de policiais a ação na dispersão de um bloco de carnaval na Barra Funda nesta semana. Antes da divulgação de imagens sobre o caso, Doria chegou a dizer que a polícia havia agido de forma correta. Nesta sexta, mudou de opinião após ter tido acesso às gravações. "Não tinha visto (o vídeo). Vi quando retornei para o Palácio dos Bandeirantes e julguei que houve um excesso. Não tinha necessidade, ainda que na progressão da força, de ter chegado naquele nível tão próximo das pessoas", disse. Ele disse que, no caso da ameaça à atriz, o comportamento do policial "foi totalmente inadequado, uma forma ofensiva de tratamento". "Isso é totalmente condenável, tanto o excesso de força, quanto verbalmente uma agressão a qualquer cidadão, especialmente a uma mulher." O policial militar que ameaçou uma foliã atingida por um disparo de bala de borracha foi afastado do trabalho operacional pela corporação. O jornal O Estado de S. Paulo revelou na quarta-feira, 6, que o agente, que não foi identificado, disse que não tinha "cerimônia para quebrar cara de mulher". A vítima havia ido ao batalhão denunciar o excesso na atuação da PM. Para o ouvidor das polícias, Benedito Mariano, a fala do agente é "absurda e grotesca" e os policiais agiram com força desnecessária contra o grupo. Nesta sexta, o governador João Doria (PSDB) reconheceu o excesso. A Secretaria da Segurança Pública informou nesta sexta-feira, 8, que foi instaurado um inquérito policial militar pelo 4.º Batalhão "para apurar a ocorrência" e vai investigar a conduta do policial mencionado. A pasta disse que a Corregedoria acompanha a investigação e que não compactua com "eventuais desvios de conduta de seus agentes". O ouvidor quer que a investigação seja conduzida pela própria corregedoria e não pelo batalhão onde o agente é lotado. Para Mariano, toda a ação na Barra Funda foi excessiva. A PM disse que atuou para dispersar foliões após obstrução da via. "Usaram equipamentos como bombas e bala de borracha de forma desnecessária, pois a via não estava obstruída", disse o ouvidor, que deverá ouvir as vítimas nesta tarde para encaminhar ofício pedindo apuração pela corregedoria. Uma das pessoas feridas foi a atriz Thaís Campos, atingida na altura da costela. No 4º Batalhão, ao pedir explicações, foi ameaçada por um policial. "Aponta o dedinho não, se aproxima não. Você vai tomar um atropelo aqui, estou falando para você, toma distância. Não tenho nenhuma cerimônia em quebrar cara de mulher, não, você presta atenção." "É uma fala absurda, grotesca e que não se coaduna com a filosofia da Polícia Militar, que apregoa o lema de proteger e servir. Não vimos esse conceito sendo seguido nesse caso", acrescentou o ouvidor. Mariano disse que também será apurada eventual omissão e prevaricação de agentes do 91º DP (Ceasa), que não registraram a reclamação de Thaís e a orientaram a fazer queixa na Corregedoria. "A polícia judiciária tem que registrar a denúncia. Há aí uma omissão." Bloco diz que acordo com Prefeitura e PM foi seguido De acordo com a artista Paula Klein, de 42 anos, diretora do Bloco Agora Vai, o grupo seguiu todas as orientações previstas para dispersão e não havia motivo para atuação violenta da Polícia Militar. Junto à Prefeitura, o bloco registrou que esperava até cinco mil pessoas para, das 15h até as 20h, seguir um curto trajeto por ruas da Barra Funda. Paula diz que por causa da chuva, o bloco foi encerrado mais cedo, às 19h, e às 22h todas as vias da região estavam liberadas para tráfego de carros. "A Polícia Militar sempre foi grande parceira do nosso bloco. O relacionamento é ótimo há 15 anos e esse ano não foi diferente. Por isso que a ação nos surpreendeu. Mandaram um pessoal despreparado para lidar com o público de carnaval. Trataram foliões como marginais. O carnaval foi manchado pela polícia", disse. Segundo ela, a polícia chegou ao local às 20h para conversar. Nesse horário, o som do bloco já estava desligado, segundo relatou. "Já estava acontecendo a dispersão natural. Não precisava atuar de modo truculento, estávamos dentro do horário. Fomos conversando com os nossos foliões e havíamos liberado a via (Rua João de Barros)", disse. Depois, segundo ela, por volta das 22h30, a tropa voltou, dessa vez com bombas e tiros de borracha. Inquérito O secretário da Segurança, general João Camilo Pires de Campos disse que a polícia atua com a prepoderância do diálogo, e o emprego da força só acontece quando essa primeira opção não avança. "O inquérito foi instaurado e vamos verificar o que os encarregados chegam para que as decisões sejam tomadas", disse.