Gabriela Tunes* , Marina Torres*
postado em 28/02/2019 21:00
A Unicef lançou hoje (28/2) um alerta sobre o aumento alarmante do número de casos de sarampo no mundo. O crescimento dos surtos é puxado principalmente por 10 países, que, juntos, somam mais de 74% do total de registros da doença em 2018; e o Brasil está entre eles.
O Brasil está em terceiro lugar no ranking dos países com mais casos de sarampo em 2018. Foram 10.262; em 2017, não havia sido registrado nenhum. De acordo com o Ministério da Saúde, atualmente, apenas três estados registram casos da doença no país: Amazonas, Pará e Roraima. Na frente do Brasil, apenas a Ucrânia (35.120 casos) e as Filipinas (12.736 casos e 203 mortes) registraram mais ocorrências da doença.
Segundo Cristina Albuquerque, chefe da área de saúde e envolvimento infantil da Unicef no país, o Brasil é visto com maior atenção porque, em 2015, teve o último caso do vírus e, em 2016, ele recebeu um certificado de eliminação. "Passamos 2016 e 2017 sem nenhum registro. A partir de fevereiro de 2018 que começou a apresentar a notificação de casos", disse.
De acordo com Cristina, o vírus deve ter entrado pela fronteira do Brasil e se espalhado para todos os estados, e, se a cobertura vacinal estivesse boa, o país não chegaria na situação dramática em que se encontra. "Precisamos continuar perseguindo a cobertura de rotina que tem um calendário de vacinação para garantir a eliminação da doença", explicou.
O Estatuto da Criança e do Adolescente diz que é obrigatório os pais levarem os filhos para se imunizar contra as doenças da caderneta de vacinação. "É uma legalidade, mas preferimos mostrar a importância por meio da informação", disse Cristina. Dessa forma, a Unicef busca informar as pessoas por meio de mensagens informativas nas mídias sociais e nos municípios. "Introduzimos o selo Unicef, que trabalha com mais de 900 municípios, um indicador da tríplice vacinal. Estamos mobilizando para que eles aumentem as coberturas vacinais e atinjam no mínimo 95% das crianças. Vacinar é um ato de proteção;, disse.
De acordo com a Secretaria de Saúde do Distrito Federal, o único caso de sarampo confirmado foi em outubro do ano passado. Um jovem de 16 anos tinha acabado de voltar de uma viagem para Manaus (AM), foi tratado e está sem nenhuma sequela. Em 2019, três notificações de casos de sarampo já foram recebidas, mas nenhum está confirmado.
O biólogo Francisco Otaviano Nery explica que o surto pode estar relacionado ao contágio, que geralmente ocorre por secreções lançadas no ar. "Muco e gotículas de saliva são uma forma muito fácil de transmissão", disse. Segundo ele, não há um remédio específico para o sarampo, mas sim para tratar os sintomas. "Não tem um medicamento que ataque o vírus. Você usa medicamento para controlar os sintomas", disse. Sendo assim, o controle certo da doença é por meio da vacinação. "O controle que a OMS indica é com a vacinação. Pode ser a tríplice viral, que engloba sarampo, rubéola e caxumba; ou tetravalente que, além dessas três, inclui a catapora", citou.
Os sintomas do sarampo aparecem entre 10 e 14 dias após a contaminação e incluem febre, tosse, coriza, olhos inflamados, dor de garganta e irritação na pele com manchas vermelhas.
A imunização contra o sarampo é oferecida no calendário vacinal do Distrito Federal, durante o ano todo, com doses disponíveis a partir de 12 meses até os 59 anos, conforme informado pela Secretaria de Saúde do DF.
* Estagiárias sob supervisão de Roberto Fonseca
* Estagiárias sob supervisão de Roberto Fonseca