Em uma sociedade cruel como a nossa era muito mais fácil, há época, dizer que ele era ;doido; em vez de encarar o problema de forma madura e, quem sabe, tentar ajudá-lo de alguma maneira, em vez de fazer chacota frente ao problema alheio. O tempo passou, veio a internet, os memes e um problema igualmente sério bate novamente à minha porta (ou à minha timeline no Twitter, no caso). O ator Fabio Assunção já deu entrevistas revelando ser dependente químico. Alcoolista. De um lado, recebeu a empatia. Na rede social, algumas pessoas passaram a desejar #forçafabioassunção. Do outro, memes. Muitos memes. E para quem não sabe, meme, no internetês, é sinônimo de piada. Coisa que a dependência química, seja ela lícita ou ilícita, está longe de ser. Não tem graça.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), em um estudo divulgado em meados do ano passado, cerca de 3,3 milhões de pessoas morrem anualmente vítimas de alcoolismo. Dessas, 25% das vítimas estão entre 20 e 39 anos de idade. É um problema sério, crônico e que precisa ser levado a sério. Não é piada. Não é possível que alguém veja graça nisso! O consumo de álcool no Brasil subiu mais do que a média mundial.
Ontem, diversos artistas saíram em defesa de Fabio Assunção nas redes sociais. Com fotos do ator, uma frase chamava à reflexão. ;Além da figura pública, apresento a vocês um ser humano portador de uma doença chamada dependência química. Alguém faz piada com atores que têm câncer?;. Esse era o texto vinculado à foto do galã de novelas. A resposta, obviamente, é não, ninguém faz piada com alguém que esteja em tratamento de algum câncer. Se fizer, pelo amor de Deus, quem está com doente é a humanidade dessa pessoa.
Já passou do tempo de levarmos uns aos outros mais a sério. Os problemas uns dos outros mais a sério. De elevarmos a empatia diante das dores alheias. O alcoolismo, a dependência de drogas lícitas, ilícitas ou qualquer outra doença não tem graça. Não é piada. Não é humor. Parem!