Renato Souza, Philipe Santos*, Lucas Valença - Especial para o Correio
postado em 15/02/2019 09:00
Oito funcionários da mineradora Vale, entre eles dois executivos, foram presos, na manhã desta sexta-feira (15/2), acusados de envolvimento com relatórios e no planejamento de ações de segurança da barragem de Brumadinho (MG). A pedido do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), a operação foi deflagrada em Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro.
De acordo com o MP, também são alvos de prisão dois gerentes e quatro integrantes das respectivas equipes técnicas da mineradora diretamente envolvidos na segurança e estabilidade da Barragem 1, rompida no dia 25 de janeiro. Também são cumpridos 14 mandados de busca e apreensão.
Ainda segundo o órgão, as prisões temporárias foram decretadas pelo prazo de 30 dias. "Tendo em vista fundadas razões de autoria ou participação dos investigados na prática de centenas de crimes de homicídio qualificado, considerados hediondo. Todos os presos serão ouvidos em Belo Horizonte. Também são apurados crimes ambientais e de falsidade ideológica", informou o MP.
De acordo com o MP, também são alvos de prisão dois gerentes e quatro integrantes das respectivas equipes técnicas da mineradora diretamente envolvidos na segurança e estabilidade da Barragem 1, rompida no dia 25 de janeiro. Também são cumpridos 14 mandados de busca e apreensão.
Ainda segundo o órgão, as prisões temporárias foram decretadas pelo prazo de 30 dias. "Tendo em vista fundadas razões de autoria ou participação dos investigados na prática de centenas de crimes de homicídio qualificado, considerados hediondo. Todos os presos serão ouvidos em Belo Horizonte. Também são apurados crimes ambientais e de falsidade ideológica", informou o MP.
Entre os presos está Alexandre de Paula Campanha, um dos gerentes da empresa. Ele foi citado por engenheiros da T;V S;D, que haviam sindo presos e foram contratados pela Vale para emitir laudos atestando a falsa segurança da barragem. Ele teria pressionado os engenheiros a assinar o documento, ameaçando que caso não fizessem isso, perderiam o contrato.
Alexandre Campanha é gerente executivo corporativo da Vale e, segundo depoimento de Namba à Polícia Federal, fez pressão para que assinasse o documento. "A Tüv Süd vai assinar ou não?", teria dito Campanha, segundo Namba.
O engenheiro, então, disse ter respondido que assinaria se a Vale adotasse recomendações que fez em revisão periódica de junho de 2018. Namba afirmou ainda ter assinado o laudo - e que se sentiu sob risco de perder o contrato.
Os alvos de prisão são:
>> Joaquim Pedro de Toledo
>> Renzo Albieri Guimarães Carvalho
>> Cristina Heloíza da Silva Malheiros
>> Artur Bastos Ribeiro
>> Alexandre de Paula Campanha
>> Marilene Christina Oliveira Lopes de Assis Araújo
>> Hélio Márcio Lopes da Cerqueira
>> Felipe Figueiredo Rocha
[FOTO1323859]
>> Alexandre de Paula Campanha
>> Marilene Christina Oliveira Lopes de Assis Araújo
>> Hélio Márcio Lopes da Cerqueira
>> Felipe Figueiredo Rocha
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Busca e apreensão
Os alvos de busca e apreensão, em São Paulo e Belo Horizonte, são um diretor, um gerente e dois integrantes do corpo técnico da empresa alemã Tüv Süd, que prestou serviços referentes à estabilidade da barragem rompida. Também foi cumprido mandado de busca e apreensão na sede da empresa Vale, no Rio de Janeiro.
Segundo os promotores de Justiça, as medidas estão amparadas "em elementos concretos colhidos até o momento nas investigações conduzidas pela força-tarefa e são imprescindíveis para a completa apuração dos fatos". Todos os documentos e provas apreendidos serão encaminhados ao MPMG para análise.
Por meio de nota, a Vale informou que está ;colaborando plenamente com as autoridades;. A multinacional também afirmou que continuará contribuindo com a apuração dos fatos, ;juntamente com o apoio incondicional às famílias atingidas;, enfatizaram em nota publicada no site.
Investigação complexa
O chefe do Departamento Estadual de Investigação de Crimes contra o Meio Ambiente e coordenador da operação pela Polícia Civil, delegado Bruno Tasca, informou que os funcionários da Vale presos na manhã desta sexta-feira estão no refeitório da delegacia aguardando os encaminhamentos. Apesar de juntos, eles estão sob escolta policial e não podem se comunicar.
Segundo o delegado, sete foram presos em Belo Horizonte e já estão no departamento e um em Itabira, que já está a caminho de Belo Horizonte. A previsão é que quatro sejam ouvidas pelo Gaeco ainda nesta tarde.
De acordo com Tasca, foram apreendidos documentos relacionados à barragem de Brumadinho nas casas dos investigados. Itens como computadores, celulares e dispositivos como tablets, HDs e pen drives já estão com a polícia e o MPMG.
Em Minas Gerais foram cumpridos oito mandados de prisão e nove de busca e apreensão. "Eles podem responder por crimes ambientais e homicídios qualificados, porque não houve possibilidade de defesa das vítimas, já que a lama veio daquela forma", afirmou.
Todo o material vai para as mãos da força-tarefa, que é organizada por MPMG e polícia. Ainda não foi informado para qual instituição prisional eles vão. O delegado não descartou novos desdobramentos da operação. "É uma investigação bastante complexa, não é simples são inúmeras pessoas que tem que ser ouvidas, análise documental e pericial, então demanda tempo e com certeza outras pessoas serão ouvidas", disse.
Todo o material vai para as mãos da força-tarefa, que é organizada por MPMG e polícia. Ainda não foi informado para qual instituição prisional eles vão. O delegado não descartou novos desdobramentos da operação. "É uma investigação bastante complexa, não é simples são inúmeras pessoas que tem que ser ouvidas, análise documental e pericial, então demanda tempo e com certeza outras pessoas serão ouvidas", disse.
Primeiras prisões
A tragédia já tem ao menos 166 mortos e 147 desaparecidos. Esta é a segunda operação deflagrada desde o rompimento. No último dia 27, a juíza Perla Saliba Brito, da comarca de Brumadinho,, empresa contratada pela mineradora.
Dois dias depois, eles foram detidos em operação conjunta da Polícia Federal (PF), Ministérios Públicos de Minas Gerais e São Paulo, e das Polícias Civis dos dois estados. Uma semana depois, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) concedeu liberdade a eles.