Simone Kafruni
postado em 14/02/2019 11:35
Presente na comissão externa da Câmara dos Deputados criada para acompanhar os desdobramentos do rompimento da barragem do Córrego do feijão, em Brumadinho (MG), o presidente da Vale, Fabio Schvartsman, afirmou, nesta quinta-feira (14/2), que a empresa contratou um órgão norte-americano de licenciamento, o US Army Corps of Engineers, para intensificar a segurança nas suas estruturas.
;Por meio do governo, solicitamos um contato com o US Army Corps of Engineers, órgão americano que licencia todas as barragens dos Estados Unidos, para introduzir novas restrições e regras para funcionamento em barragens da Vale;, afirmou. ;A empresa tem 500 barragens e não pode ter problemas. O que ocorreu foi inaceitável, por isso recorremos à ajuda externa;, emendou.
Segundo o presidente da Vale, a questão das barragens ;se sustenta numa pedra fundamental, que é o laudo de estabilidade;. São os especialistas que concedem os laudos que se envolvem com a questão, explicou. ;Com tantas barragens, é impossível, de outra maneira, gerir o sistema. Não pode ter burocracia;, ressaltou. Schvartsman disse que não há tempo de envolvimento de outros agentes a não ser os especialistas dos laudos.
;A Vale existe há 70 anos e nunca tinha ocorrido problema de barragem. O primeiro foi no Córrego do Feijão, numa barragem que não foi construída pela Vale e sim pela Ferteco (mineradora comprada pela Vale);, justificou. Schvartsman destacou que a Vale não utiliza sistema à montante e, depois do acidente da Samarco (da qual a Vale sócia) em Mariana, a empresa começou a fazer descomissionamento em todas as suas barragens com esse tipo de estrutura.
O sistema à montante é quando a barragem é construída de um ponto mais baixo para o mais alto com o próprio rejeito) e descomissionamento é o processo de descaracterização de uma barragem, com incorporação daquele ambiente à natureza.
;Começamos os descomissionamentos pelas barragens que não precisavam de licenciamento, as menores, o que não era o caso de Brumadinho. A razão de nunca ter feito isso antes foi porque não tinha ocorrido acidentes até Mariana;, disse.
Schvartsman reiterou o que já havia informado em outras apresentações, de que entrou na Vale há apenas um ano e meio e que as medidas de descomissionamento já tinham sido adotadas antes dele se juntar à companhia. ;Tornamos o monitoramento 24 horas em todas as barragens com a intenção de ter capacidade de reação. Esse tipo de atuação se tornará mais frequente neste período porque a qualquer sinal a Vale tomará iniciativa muito rápida;, explicou, mas reconheceu que isso foi uma determinação da Agência Nacional de Mineração. ;A ANM elevou o nível de atenção.;
Joia brasileira
Schvartsman afirmou aos parlamentares que a Vale é uma joia brasileira, uma da maiores mineradoras do mundo, e que não pode ser punida por um acidente. Foi interrompido pelo deputado Rogério Correia (PT-MG): ;O que ocorreu em Minas Gerais foi crime. É um absurdo o presidente da Vale falar em acidente;. Mas foi interrompido pelo presidente da mesa.
O dirigente da Vale também apresentou as medidas que a Vale está tomando em relação ao meio ambiente. ;Esse desastre, por enquanto, está muito focado na tragédia humana, mas também é um desastre ambiental;, pontuou. Conforme ele, a empresa etá fazendo monitoramento da água e garantindo o fornecendo para as comunidades enquanto não está potável.
Com relação à fauna, Schvartsman assinalou que há vários profissionais trabalhando no recolhimento dos animais. ;Estamos tomando o cuidado de retirar os peixes do rio e levar para viveiros para não sofrerem com a piora da qualidade da água.