A mineradora Sama em Minaçu, no norte de Goiás, deixou de produzir amianto. Ela notificou os que encerraria que encerraria a extração na segunda-feira (11). Desde então, os trabalhadores vão à empresa, mas não trabalham na extração e produção do minério. A medida, que cumpre uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), pode levar à falência do município de 32 mil moradores. Distante 365km de Brasília, ele cidade nasceu, cresceu e vive do minério, responsável por 70% da sua arrecadação.
Na divisa com Tocantins, Minaçu tem a única usina de amianto da América Latina, a terceira maior do planeta, menor apenas que uma instalada na China e outra na Rússia. Pertencente ao grupo Eternit, ela responde por 13% de toda a fibra comercializada no mundo e 50% da consumida no Brasil. Misturado ao cimento, o amianto é usado principalmente na confecção de telhas e caixas d;água. Com metade das residências usando tais materiais, o país é o quarto consumidor do produto.
No entanto, em 2017, o STF proibiu o amianto no Brasil. Mas, na mesma época, foi aprovada uma liminar que permitia à Sama continuasse funcionando até a publicação da decisão, que ocorreu em 1; de fevereiro último. Classificado como cancerígeno pela Organização Mundial de Saúde (OMS) há mais de 40 anos e banido por completo na Europa desde 2005, o amianto já era proibido em mais de 60 países e em cinco estados brasileiros.
Apelo à PGR e à Justiça
O Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Extração de Minerais não Metálicos de Goiás e Região (Sitebemgor) quer mais 10 anos para o desligamento completo dos funcionários e fechamento da extração do amianto em Minaçu. A entidade pede a extensão do prazo da liminar que permitia que eles trabalhassem até o início de fevereiro deste ano. Está agendada uma assembleia geral na cidade para 26 de fevereiro.
O governador Ronaldo Caiado (DEM) e a secretária de Economia de Goiás Cristiane Schmidt estiveram, nesta quarta-feira (13), com a procuradora-Geral da República Raquel Dodge para tratar do fechamento da paralisação da Samar. Segundo a assessoria do Governo de Goiás, os representantes do estado pediram que a desativação da mineradora ocorra de forma gradual e a PGR pediu dados para avaliar a situação.