Um time de vôlei formado por integrantes da comunidade LGBTI afirma ter sido alvo de ataques homofóbicos por parte de sócios de um clube na zona sul de São Paulo. O caso ganhou notoriedade na última terça-feira (13/2), quando a equipe Unicorns Brazil relatou a sequência de acontecimentos em uma postagem no Facebook que já ultrapassa 1,3 mil reações.
No texto, o Unicorns conta que em 11 de janeiro, o grupo estava na quadra do Açaí Clube ; no bairro do Brooklin ;, quando duas senhoras entraram no local e registraram imagens dos atletas. Depois, elas teriam ido à portaria do local e dito que "essas pessoas aí poderiam roubar as bolsas delas". O grupo teria, então, notificado o clube pedindo providências.
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Uma semana depois, durante a realização de um amistoso, o clube afirma ter ouvido ofensas homofóbicas e transfóbicas. Algumas delas, de acordo com a equipe, assemelhavam-se a ameaças de morte: "Viado precisa morrer". Mais uma vez, integrantes do Unicorn teriam procurado a administração do clube e receberam como resposta que o Açaí "não poderia garantir a segurança dos jogadores".
"Nosso relacionamento com o clube sempre foi muito bom. Mas quando a gente precisou deles, eles falharam", lamentou o advogado Filipe Marquezin, um dos fundadores do Unicorns. Segundo ele, a equipe treina semanalmente no local desde abril do ano passado.
Por conta da boa relação, inclusive, o Unicorns teria buscado resolver a situação internamente, dando o prazo de uma semana para que o clube pedisse desculpas pelo ocorrido. Como isso não aconteceu, o caso foi exposto nas redes sociais e, agora, a equipe pretende recorrer à Polícia e à Justiça. "Eles não fizeram nada. Estão cobrindo essas pessoas. Sequer fizeram alguma apuração interna", disparou Filipe. "Nos sentimos violentado de não poder jogar", concluiu o advogado, acrescentando que a equipe rescindiu o contrato com o clube.
Outro lado
O Açaí Clube nega que tenha se omitido diante dos supostos episódios de homofobia. O advogado do clube, Claudio Barbosa, contou que o Unicorns teria infringido algumas regras do espaço, como utilizar as dependências além do horário de funcionamento e permanecer no ginásio com garrafas e copos de vidro.
Segundo o advogado, foi por conta da infração em relação às garrafas que as duas mulheres ; uma delas conselheira do clube ; teriam registrado as imagens do primeiro episódio. "Essa conselheira agiu de maneira legítima no entender dela. Em função disso, houve o entrevero e nesse entrevero parece que houve alguma manifestação ofensiva", justificou.
O clube também negou que estivesse de alguma forma compactuando com a homofobia. "Tão logo recebemos o comunicado, foi aplicada uma pena preventiva a essas sócias, elas foram representadas perante o conselho de sindicância do clube e esse processo seguiu adiante", relatou Claudio. Em relação ao segundo episódio ; das ofensas e ameaças ; o advogado afirma que a equipe não forneceu qualquer elemento que permitisse a identificação e consequente punição dos autores.
Por fim, o advogado diz que o clube não pediu desculpas à equipe por entender que não havia razão para tal. "O clube tomou todas as providências dentro das suas limitações estatutárias. O que poderia fazer, fez. Se um sócio agiu com excesso em uma conduta individual, ele deve responder por isso", pontuou. "Continuamos tendo contato com a equipe, tentando, de alguma forma, dar uma satisfação e se solidarizar com o grupo", completou.
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