Em janeiro deste ano foram registrados cinco vezes mais casos de dengue do que no mesmo mês em 2018, no Estado de São Paulo. Foram confirmados 4.595 casos este ano, enquanto em janeiro do ano passado foram 888, entre autóctones e importados. Para a diretora do Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado, Regiane de Paula, ainda não se pode falar em epidemia. "Não é surto, nem epidemia. O que está havendo é um aumento no número de casos, pois estamos no período de chuvas e calor intenso." Na grande epidemia de 2015, só em janeiro foram registrados 41 mil casos de dengue.
Segundo ela, o que preocupa este ano é a predominância do sorotipo 2 do vírus, que não circulava havia muito tempo no Estado. "Em 2015, houve a circulação de vários tipos da dengue, mas predominou o sorotipo 1. Se agora a pessoa tem nova infecção pelo sorotipo 2, os sintomas podem ser mais graves." Ela conta que, dos dois óbitos já confirmados este ano no Estado, um deles, acontecido em Bauru, teve a confirmação do sorotipo 2. No outro, confirmado em São Joaquim da Barra, não foi possível fazer a análise do sorotipo.
Conforme Regiane, os órgãos estaduais da Saúde vinham se preparando para um aumento nos casos de dengue, mas não havia previsão do surgimento de um grande número de casos do sorotipo 2. "Vimos que a circulação já acontece em 19 municípios e, 10 deles concentram mais de 77% dos casos de dengue. Estamos treinando nosso pessoal e preparando o sistema estadual de saúde para lidar com essa nova situação", disse.
Ela lembra que a melhor arma para enfrentar a dengue é eliminar os criadouros do mosquito. Em 80% dos casos, eles estão no interior das residências. "As pessoas precisam ficar de olhos em seus criadouros potenciais. Ainda vamos ter alguns meses de calor e esse clima é propício para o mosquito." Conforme Regiane, o Instituto Butantan inicia este mês a fase de testes para produção industrial da vacina da dengue em sua fábrica, na capital. A expectativa é de que o imunizante para os quatro tipos do vírus esteja disponível nos postos de saúde em 2020.
Plano estadual contra dengue começa com alerta nas estradas paulistas
Motoristas que trafegam pelas principais rodovias do Estado de São Paulo já encontram mensagens em painéis luminosos alertando para o risco da dengue.
"Cuidado com o mosquito, elimine água parada", diz o texto inserido em cerca de 400 painéis espalhados pela malha paulista administrada por concessionárias. O alerta faz parte de campanha lançada no último sábado, 2, pelo governador João Doria (PSDB) para combater o Aedes aegypti, transmissor da dengue chikungunya e zika vírus.
No próximo dia 13, as concessionárias farão um "dia D" de limpeza nas margens das rodovias para retirada de pneus, entulhos e outros potenciais criadouros do mosquito. Para se ter uma ideia do volume, somente em trechos de três estradas - Castelo Branco, Raposo Tavares e Rodoanel Oeste - a concessionária recolheu, no ano passado, 812 toneladas de lixo e resíduos. O governo estadual lançará esta semana uma campanha pelos veículos de comunicação e mídias digitais contra o mosquito.
Entre os dias 11 e 16, prefeituras dos 645 municípios paulistas vão realizar uma semana especial com ações coletivas, como arrastões, limpezas e eliminação de criadouros do Aedes aegypti. As atividades serão apoiadas pela Secretaria da Saúde do Estado e outros órgãos estaduais, como a Superintendência de Controle de Endemias (Sucen) e Defesa Civil. No dia 16, as ações chegarão aos parques estaduais.
Será definido, em conjunto com a Secretaria da Educação, um dia especial de combate ao mosquito nas escolas, com a caçada a possíveis criadouros. A pasta da Saúde estuda a criação de um selo de qualidade a ser entregue aos municípios que reduzirem a infestação de larvas.