Fernando Jordão
postado em 25/01/2019 17:17
O , afetou a vida dos 39.520 moradores do município mineiro, distante 60km de Belo Horizonte. Por enquanto, não há registro de vítimas, mas o Corpo de Bombeiros estima que há 200 desaparecidos. Mas algumas pessoas precisaram deixar as casas para fugir da lama. Pelo mesmo motivo, outras não conseguem sair do local.
Este é o caso da dona de casa Conceição Santos Costa, de 59 anos. Ao Correio, ela contou que estava em casa na hora do rompimento. Como mora a 15 minutos do local, ela acompanhou as primeiras notícias pela televisão. Não demorou, porém, para a lama tomar as estradas de acesso a sua chácara e deixar a mulher e o marido completamente ilhados.
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Com a chegada dos rejeitos, foi-se embora a energia elétrica. Há uma incerteza agora em relação ao abastecimento de água. "A sensação é meio estranha. Dá medo, dá nervoso", descreve. Também há o temor de um novo rompimento: "Estão falando que tem mais uma [barragem] perigando [sic]. A gente já tá meio que alerta. A mineradora é muito grande".
Por morar em uma parte alta da cidade, Conceição não teve a casa atingida pelos rejeitos. Não faltam, contudo, relatos de conhecidos. "Conheço o pessoal do Caldo de Cana, que é um bar que foi atingido. Também tem um restaurante perto da mineradora que eu conheço", enumera. "Minha cunhada já foi tirada de casa. Já tá longe", acrescenta. O marido também vai precisar faltar ao trabalho nesta sexta por não ter como sair de casa. A lama que varreu Brumadinho também levou para longe a rotina da família Santos Costa.
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Tragédia
A barragem de rejeitos da Vale se rompeu no início da tarde desta sexta. Segundo o Corpo de Bombeiros, há vítimas, pois a lama atingiu, além da parte técnica da mineradora, uma comunidade próxima ao local. O número de pessoas atingidas ainda não foi divulgado pelas autoridades. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) já foi acionado para avaliar os danos ambientais.
O presidente Jair Bolsonaro anunciou que três ministros (do Desenvolvimento Regional, Gustavo Henrique Canuto; Minas e Energia, Bento Albuquerque; e Meio Ambiente, Ricardo Salles) estão a caminho do local. Ele próprio deve ir à cidade mineira na manhã deste sábado (26/1). Enquanto isso, um gabinete de crise foi montado no Palácio do Planalto para acompanhar todo o desenrolar da situação.
Vale lembrar que, há três anos, um episódio semelhante aconteceu na cidade de Mariana, também em Minas Gerais. Dezenove pessoas morreram, nesta que, até hoje, era considerada a maior tragédia socioambiental da história do país. Ninguém foi punido.