Otávio Augusto
postado em 25/01/2019 06:00
Com termômetros nas alturas, a maioria das cidades brasileiras está quebrando recordes de calor nos últimos dias. É o que aconteceu em pelo menos 10 capitais. O verão é característico de muito sol e chuva. Contudo, as precipitações em 2019 estão abaixo do normal. Além disso, um sistema de alta pressão no Oceano Atlântico está influenciando o clima no país, fazendo o ar circular de cima para baixo, o que reduz a umidade.
Brasília, Goiânia, Campo Grande, Curitiba, Belo Horizonte, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Vitória, Recife e Salvador sentiram os efeitos do verão atípico e viram os termômetros subir. A temperatura, em alguns casos bateu 40;C. Na capital fluminense, a marca foi atingida pela quarta vez no ano. O alento é que, na próxima semana, uma frente fria vinda da Região Sul deverá romper o sistema de alta pressão e aumentar a quantidade de chuvas, o que deixará as temperaturas mais amenas. Contudo, elas continuarão na faixa dos 30;C.
A meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) Maria das Dores Azevedo avisa que o calor vai continuar. ;Sem a nebulosidade, o sol aparece com mais frequência durante o dia. As temperaturas ficam mais altas e as mínimas, mais elevadas. Por isso, até as madrugadas estão quentes;, explica.
Com os termômetros chegando a registrar 41,3;C, Porto Murtinho (MT) foi a cidade mais quente do país nesta semana. Natálio Abrãao, meteorologista e professor de climatologia da Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal (Uniderpe), acredita que este mês de janeiro será o mais quente do século no estado. ;Fizemos avaliações diárias e não temos precedentes das temperaturas atingidas nos últimos dias. Visivelmente, elas ultrapassam as médias históricas;, acrescenta. Em Mato Grosso, a média para janeiro é de 31,5; C. Este ano, está em 34,3;C.
Abraão observa que toda a América do Sul está sob a influência do fenômeno oceânico. ;Ele está proporcionando um bloqueio atmosférico que impede o avanço de frentes frias. Com isso, o calor é potencializado. Normalmente, o verão é a estação na qual o volume de chuva é o mais elevado do ano. Entre dezembro e fevereiro tem o pico pluviométrico;, destaca.
Veranico
Rafael Rodrigues da Franca, coordenador do Laboratório de Climatologia Geográfica da Universidade de Brasília (UnB), explica que o país está vivendo um veranico ; período seco em plena estação chuvosa. ;Não está chovendo em razão do sistema de alta pressão que avançou para o Sudeste, atingido também o DF. Isso inibiu a formação de nuvens. Toda a umidade que chegaria da Amazônia está bloqueada;, completa. Para Rafael, é cedo para falar em El Niño, fenômeno que aquece as águas do Oceano Pacífico.A falta de chuvas preocupa Edinaldo Correia de Araújo, chefe da previsão do tempo do Inmet, em Recife. É que, se a estiagem se prolongar, o abastecimento de água em regiões do Nordeste pode ficar comprometido. ;As pancadas estão muito reduzidas. Entre dezembro e fevereiro precisa chover, porque, no semiárido, entre abril e julho não chove;, alerta.