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Aquecimento dos oceanos está mais rápido e calor bate recorde em 2018

Responsáveis por absorver cerca de 93% do excesso de energia solar aprisionado no planeta por causa da alta concentração de gases de efeito estufa na atmosfera, os oceanos estão aquecendo mais rápido do que se imaginava e se apresentam como um sinal claro das mudanças climáticas sofridas pelo planeta. De acordo com pesquisadores da China e dos Estados Unidos, liderados por Lijing Cheng, do Instituto de Física Atmosférica da Academia de Ciências Chinesa, observações feitas por quatro sistemas de observação confirmam não só que o oceano está aquecendo, como de forma acelerada. A análise foi publicada nesta quinta-feira, 10, na revista Science. Um dos modelos, o Argo, conta com quase 4 mil robôs flutuantes ao redor do planeta, fazendo medições desde o ano 2000. Os outros consideraram medições ajustadas desde os anos 1970. Os dados apontam que 2018 provavelmente será o ano mais quente para os oceanos desde que se iniciaram os registros históricos - recorde quebrado pelo terceiro ano consecutivo, o que mostra a tendência de aquecimento. Para o planeta como um todo, 2018 provavelmente foi o 4º ano mais quente (os dados consolidados devem ser divulgados até o final da semana que vem), mas essa diferença ocorre porque a temperatura na superfície é influenciada também por outros fatores, como o El Niño - que ajudou 2016 a ser o ano mais quente da história - e erupções vulcânicas. Já os oceanos são menos afetados por essas variações anuais. "Os sinais de aquecimento global são muito mais fáceis de detectar se a mudança está ocorrendo nos oceanos do que na superfície", disse Zeke Hausfather, pesquisador da Universidade da Califórnia em Berkeley e um dos autores do trabalho. A nova análise mostra que as tendências de aquecimento dos oceanos correspondem às previstas pelos principais modelos de mudança climática, o que dá força para as previsões futuras também estarem certas. Modelos usados no último relatório geral do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas preveem que num cenário de "business as usual", em que nenhum esforço seja feito para reduzir as emissões de gases do efeito estufa, a temperatura dos primeiros 2.000 metros de profundidade dos oceanos do mundo aumentará 0,78 °C até o final do século. A expansão térmica causada por esse aumento na temperatura - pense no que ocorre com a água em uma chaleira fervente - elevaria os níveis do mar em mais 30 centímetros além da já significativa elevação do nível do mar causada pelo derretimento das geleiras e dos lençóis de gelo. Oceanos mais quentes também contribuem para a ocorrência de tempestades mais fortes, furacões e precipitações extremas, além de afetarem a vida marinha, que precisa fugir para águas mais frias.