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Brasil

'Perdi quase tudo', diz pequeno agricultor atingido por seca histórica

O pequeno agricultor Shedeon de Souza Nascimento viu sua lavoura secar um ano atrás, às margens da represa do Descoberto, a 50 quilômetros de Brasília. A estiagem prolongada, que castigou a maior parte das regiões Centro-Oeste e Nordeste do País nos últimos cinco anos, fez sumir o lago que margeava a sua plantação de verduras. Um ano atrás, a barragem do Descoberto encarou seu pior índice desde o início da série histórica, iniciada 31 anos atrás, atingindo apenas 5,3% do seu volume útil. "Perdi quase tudo. Normalmente, a gente consegue plantar quatro hectares de verduras. No ano passado não chegou a dois hectares. Tinha de usar só metade da água que a gente precisava. Foi uma tristeza. Estou aqui há 14 anos. Nunca vi nada igual", conta Nascimento, que utiliza um poço artesiano próximo à barragem para regar a plantação. A irrigação deverá ampliar ainda mais a sua fatia no consumo nacional de água, pressionando a busca por "novas fronteiras hídricas", afirma Sergio Ayrimoraes, superintendente de Planejamento de Recursos Hídricos da Agência Nacional de Águas (ANA). "Sabemos que as áreas com água mais acessível já foram ocupadas e o agronegócio começa a avançar para regiões onde, naturalmente, haverá mais conflitos. Daí a fiscalização ser essencial", diz. "Por outro lado, vemos grandes produtores buscando tecnologias para o consumo mais eficiente de água, o que deve ser ampliado", acrescenta ele. Até 2030, no Brasil, o uso da água terá um crescimento de 24% sobre o volume atual, resultado do processo de urbanização, expansão da indústria, agronegócio e economia, diz o estudo Conjuntura dos Recursos Hídricos - 2018, elaborado pela ANA. Previsão para 2019 Na avaliação de Ayrimoraes, o próximo ano deverá apresentar uma situação, em geral, mais amena do que a vivida nos últimos cinco anos quanto à disponibilidade de água. "Neste ano de 2018 já houve sinais de melhora, tivemos algumas ações de infraestrutura. Devemos passar um 2019 sem sustos, mas o alerta deve ser constante." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.