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Diretor de departamento diz que cachorro foi atendido 'quase em choque'

De acordo com Fábio Cardoso, cachorro que foi agredido por segurança de mercado em Osasco acabou morrendo antes de conseguir ser operado

O diretor do Departamento de Fauna e Bem-Estar Animal da Prefeitura de Osasco, Fábio Cardoso, disse nesta quarta-feira (5/12) que o cachorro que morreu após ser agredido pelo segurança de um supermercado, na semana passada, chegou ao Centro de Controle de Zoonoses da cidade "quase em choque". Ainda segundo o diretor, a equipe foi chamada para atender "um animal vítima de atropelamento".

"Ele estava bastante machucado, sangrando muito, mas chegou vivo. A equipe de emergência já estava a postos, ele entrou no centro cirúrgico, mas não chegou a ser operado, porque acabou morrendo antes", detalhou Cardoso.

Em nota (confira a íntegra abaixo), o Departamento de Fauna e Bem-Estar Animal descreve que o cachorro deu entrada no local, no último dia 28, consciente "em decúbito lateral (deitado de lado), mucosas anêmicas, hipotensão severa (pressão baixa), hipotermia intensa, hematêmese (vômito com sangue) e escoriações múltiplas". "Apesar do tratamento instituído o animal veio a óbito", acrescenta a nota.
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Na terça-feira (4/12), a apresentadora e ativista Luisa Mell chegou a questionar o resgate feito pela zoonoses, afirmando que ele não teria sido "adequado". O diretor explicou que existem duas maneiras de fazer o atendimento. "A primeira é usando um laço. Como o animal estava ferido, ele, naturalmente, começou a avançar. Então, os agentes decidiram usar outra ferramenta de contenção, visando a proteção do animal e do profissional: o cambão, que acaba elevando o nível de estresse", pontuou.

Cardoso afirma ainda que, após o animal ser contido, os agentes utilizaram uma faixa para conter os sangramentos. Questionado sobre se o resgate poderia ter contribuído de alguma forma para a morte do animal, o diretor foi enfático: "Claro que não".

Ele também acrescentou que a equipe foi chamada para atender um animal vítima de atropelamento. O nome da pessoa que realizou a chamada foi registrado e entregue à polícia. "Depois de três dias é que chegaram as primeiras informações de que ele poderia ter sido vítima de espancamento e envenenamento", disse. Porém, Cardoso afirma ainda não ser possível dizer se o animal foi mesmo envenenado, o que deve ser esclarecido apenas em um inquérito policial que foi instaurado.

Exatamente por conta do tempo transcorrido entre o resgate e o surgimento de evidências de que o caso se tratava de uma ocorrência policial, o corpo do animal acabou sendo cremado. "Esse é um procedimento padrão em todas as zoonoses do país. É uma orientação da Vigilância Sanitária. O animal não pode ser enterrado ou levado para aterros para evitar a transmissão de doenças", conclui Cardoso.

Leia a nota do departamento na íntegra:

"Em resposta à nota divulgada pelo Hipermercado Carrefour, esclarecemos que o Departamento de Fauna e Bem-Estar Animal esteve no local em atendimento à solicitação da Central 156 (Protocolo 2726381), cadastrada às 9h24 do dia 28/11/2018, para prestar atendimento a um cachorro ferido e sangrando. O comparecimento da equipe no local da ocorrência foi por volta das 10h.

A equipe esteve no local e constatou a existência de um animal de espécie canina com sangramento intenso. O manejo foi realizado por um oficial de controle animal qualificado e o animal foi encaminhado ao departamento para atendimento emergencial.

O animal deu entrada consciente no departamento em decúbito lateral (deitado de lado), mucosas anêmicas, hipotensão severa (pressão baixa), hipotermia intensa, hematêmese (vômito com sangue) e escoriações múltiplas. Apesar do tratamento instituído o animal veio a óbito.

Em 1;/12/2018, o Departamento de Fauna e Bem-Estar Animal passou a receber informações que se tratava de um caso de maus-tratos e foi iniciado a apuração do caso com solicitação de inquérito policial.

O inquérito policial está sob responsabilidade da Delegacia Especializada de Osasco. Somente o inquérito poderá indicar as causas da morte e a quem cabe a responsabilidade."