O possível motivo para o transtorno de Santos foi informado à reportagem pelo 2; tenente da PM Felipe Duzzi, do 23; Batalhão, que atendeu a ocorrência e atirou contra o sushiman. "Ele dizia que estava sendo humilhado pelos funcionários. Sofrendo bullying, zoação mesmo. Dizia que estavam ferindo a honra e a imagem dele."
Segundo relata, houve mais de uma hora de negociação. O sushiman aparentava ter usado droga, diz o PM. A equipe também usou bala de borracha e taser (arma de choque) para tentar contê-lo, sem sucesso. O agressor teria, ainda, atirado uma faca contra os policiais. Segundo as investigações, Santos foi baleado nas nádegas e na lateral do corpo. Foi socorrido ao Hospital das Clínicas, onde morreu.
O 15; Distrito Policial (Itaim Bibi) instaurou inquérito para apurar se houve excesso na ação dos PMs. "Em princípio, tudo ocorreu dentro da legalidade", diz o delegado titular Fábio Pinheiro Lopes, que aguarda as imagens das câmeras para comparar com o relato dos agentes.
Não havia informação se Santos usava remédios ou drogas. Na delegacia, funcionários do Jam disseram que ele trabalhava lá havia sete anos, era "pacato" e "muito fechado". Do sertão de Alagoas, não tinha antecedentes e, em pesquisas da polícia, só aparece como vítima em duas ocorrências - de furto e de acidente de trânsito. Os colegas também negaram conflitos.
Surto
Eram 23h08. Um cozinheiro encerrava o expediente, quando, de surpresa, Santos lhe aplicou uma "gravata" e pôs uma faca no seu pescoço. "Sai da frente", dizia, abrindo caminho com a vítima até o salão, onde havia entre 30 e 40 clientes, segundo testemunha.
Um gerente pedia calma e outros dois funcionários tentaram segurar o sushiman pelas costas. Nessa hora, Santos soltou o colega, que sofreu um corte no queixo, e caiu no balcão. Lá, pegou a segunda faca. Houve correria para sair do restaurante. Cinco funcionários, porém, foram rendidos.
Em meio ao tumulto, a PM recebeu nove chamados para a ocorrência. Ao chegar, a equipe negociou a saída dos reféns. "Leandro, deixa o pessoal: você trabalhador, honesto, tem filho", disse Druzzi. Todos foram soltos. Em seguida, o sushiman teria sofrido outro surto e passado a ameaçar os policiais.
Após correr para o 1; andar, Santos teria jogado uma faca em Druzzi que, ao lado de um parceiro, já havia tentado usar a arma de choque. Mas o equipamento bateu no avental do cozinheiro. Também foram feitos seis disparos de bala de borracha. "Não tinha mais munição de borracha, aí usei minha arma letal", diz o PM, que argumenta ter feito "uso progressivo da força". "Estava em risco e os meus policiais estavam em risco."
Em nota, o Jam lamenta a morte e diz ser solidário com a família de Santos e colegas. Também nega que o sushiman era alvo dos colegas. "Repudiamos qualquer prática de bullying que jamais foi identificada ou mesmo relatada durante todos esses anos." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.