Os interessados em participar do programa Mais Médicos encontram dificuldades em realizar a inscrição. O site para o cadastro está fora do ar. O Ministério da Saúde acredita que "ataques cibernéticos" prejudicaram o funcionamento da plataforma. Mesmo com a instabilidade, o sistema contabilizou 3.336 inscrições nas primeiras três horas da abertura.
Técnicos do Departamento de Informática do Sismeta Único de Saúde registraram mais de um milhão de acessos simultâneos no momento da abertura do sistema para os médicos interessados na inscrição. Eles interpretaram o caso como uma espécie de golpe virtual. "O volume é característico de ataques cibernéticos. Para comparação, é mais que o dobro do número de médicos em atuação no país", explica o Ministério da Saúde, em nota.
Para garantir performance do sitee possibilitar a inscrição dos interessados, a pasta está "isolando" a atuação dos ataques, que se mantiveram ao longo da manhã, além de outras ações para estabilidade da plataforma. "A expectativa é que o sistema se normalize. Os interessados devem manter a tentativa de acesso", finaliza o texto, sem marcar data para término dos problemas.
As inscrições começaram netsa quarta-feira (21/11) e seguem até o dia 25, para os médicos brasileiros com registro ou diploma revalidado no país. "O Ministério da Saúde alerta que eventuais responsabilidades pela inserção de dados falsos no sistema poderão ser apurados na esfera penal", conclui a nota.
A Associação Médica Brasileira (AMB) manifestou preocupação com as falhas. "O prazo que já é curto agora fica menor. A AMB entrará em contato com o Ministério da Saúde buscando esclarecer a situação e solicitando prorrogação do prazo em virtude da falha apresentada", destca trecho do comunicado.
O Ministério Público Federal (MPF) em Goiás cobrou informações para apurar possíveis "ações ou omissões ilícitas de órgãos da União" quanto às inscrições, especialmente quanto à acessibilidade e operação do site. O MPF expediu ofício ao Ministério da Saúde requisitando, no prazo de 24 horas, informações atualizadas sobre o Programa Mais Médicos, notadamente acerca das providências adotadas para solucionar problemas de instabilidade e indisponibilidade de acesso ao site de inscrições. ;O objetivo, neste momento, é garantir a lisura do certame;, explica o procurador da República Ailton Benedito.
Contratações em dezembro
O Ministério da Saúde e a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) definiram que até 12 de dezembro os profissionais da ilha caribenha deixarão o país. Antes desse prazo, entre 3 e 7 de dezembro, o governo brasileiro pretende ter contratado 8,5 mil médicos brasileiros para as vacâncias. Ontem, foram divulgadas as regras para a contratação dos novos profissionais.
O Ministério da Saúde substituirá médicos cubanos em 2.824 municípios e 34 distritos indígenas. Os profissionais podem se inscrever pelo site maismedicos.gov.br. É vedada a adesão de candidatos que participaram de qualquer outra chamada pública do Mais Médicos.
Está prevista a abertura de uma nova chamada em 27 de novembro para brasileiros formados no exterior e estrangeiros. Setores com os maiores percentuais de população em extrema pobreza e áreas de vulnerabilidade terão prioridade. Além dos médicos ativos, também serão substituídos 185 médicos da cooperação que estavam no período de recesso ou encerrado a participação.
A crise no Mais Médicos começou na semana passada, quando o governo do país caribenho abandonou o convênio após críticas do presidente eleito, Jair Bolsonaro. Cuba reclamou de ;referências diretas, depreciativas e ameaçadoras; feitas pelo presidente eleito. Por sua vez, Bolsonaro disse que ;a ditadura cubana; não concordou com as exigências feitas por ele para manter os profissionais no programa.
Entre as condições de Bolsonaro estava a de os profissionais da ilha passarem pelo Revalida, exame de reconhecimento de diplomas de médicos formados no exterior, e a de receberem a bolsa de R$ 11 mil integralmente ; pelo acordo, Cuba fica com 70% do provimento.