Após a divulgação de estudo que revela que o está na última posição em ranking sobre prestígio de professor, o jornal O Estado de S. Paulo entrevistou Silvia Colello, professora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP).
O Índice Global de Status de Professores de 2018 foi divulgado nesta quarta-feira, 7, pela Varkey Foundation, organização voltada para a educação. O levantamento avalia como a população de 35 países enxerga a profissão. O índice é feito de uma escala de 0 a 100. A China atingiu a nota máxima, enquanto no Brasil a nota foi 2. Veja abaixo os principais trechos da entrevista:
A baixa remuneração é um dos principais fatores para a desvalorização da carreira docente?
Os baixos salários são, ao mesmo tempo, causa e consequência. As pessoas desvalorizam o professor porque ele ganha pouco e ele ganha pouco porque não é valorizado nas políticas públicas. Além disso, os políticos sempre falam genericamente sobre a valorização do docente. Nunca se desenvolve a ideia de que é preciso melhorar a questão salarial, a evolução da carreira, as condições de trabalho e o apoio que ele deve receber da equipe escolar e das famílias.
Os pais também desvalorizam o professor?
Na maioria dos casos, o professor não conta com o apoio da família porque muitas não querem se envolver com o que acontece na escola. Então, não querem saber do mau comportamento ou do baixo desempenho do filho. Preferem culpar o professor por essas situações. Propostas que estão sendo colocadas nesse momento, como o Escola Sem Partido (em tramitação no Congresso Nacional e defendido pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro, do PSL), tendem a acirrar essa relação por colocar pais e professores em lados opostos, por incentivar que o docente seja vigiado, controlado, perca a autonomia sobre o quê e como ensinar.
O País está perdendo bons professores pela forma como os trata?
Sim. Os jovens com melhor desempenho vão para as profissões mais valorizadas, com melhores salários. Os cursos de Licenciatura e Pedagogia são vistos como o "que sobrou", porque ninguém quer seguir a carreira. Cada vez menos temos fatores de recompensa. A médio e longo prazo, isso é um desastre para a educação do Brasil.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.