Sete policiais civis, sendo dois delegados, foram presos na manhã desta quinta-feira, 18, na Operação Infiltrados, sob suspeita de ligação com o tráfico de drogas da favela da Chatuba, em Mesquita, na Baixada Fluminense. Eles são acusados dos seguintes crimes: organização criminosa, extorsão mediante sequestro, concussão, roubo qualificado e prevaricação.
O grupo teria sequestrado um criminoso e cobrado resgate da família e também liberado suspeitos presos mediante pagamento de propina.
Interceptação de conversas telefônicas e informações vindas de colaboração premiada mostraram que policiais da 53ªDP (Mesquita) sequestraram, no dia 30 de agosto do ano passado, um traficante da Chatuba, e o mantiveram sob ameaça dentro da própria delegacia até que a família dele pagasse por sua libertação.
O criminoso já tinha antecedentes criminais por roubo qualificado e havia mandado de prisão expedido pela Justiça em aberto contra ele. O bandido foi preso numa operação posterior.
As investigações mostraram também que, numa outra situação, os agentes liberaram um homem que havia sido preso em flagrante por roubo qualificado. Ele chegou a ser reconhecido pelas vítimas. Os policiais o liberaram e seu auto de prisão em flagrante foi cancelado. Poucos dias depois, o mesmo foi baleado em confronto com policiais.
Num caso grave de violência doméstica, ocorreu libertação do agressor mediante pagamento de propina. O homem havia sido conduzido por policiais militares à delegacia. Não foi feito sequer registro do fato.
A ação desta quinta-feira foi deflagrada pela Corregedoria Interna da instituição. Os sete mandados de prisão preventiva e 10 mandados de busca e apreensão foram expedidos pela 7ª Vara Criminal de Mesquita e a operação conta com a participação de 12 delegados e 40 agentes.
Quatro dos presos estão lotados na 53ªDP (Mesquita), dois na 52ªDP (Nova Iguaçu) e um na 44ªDP (Inhaúma, zona norte do Rio).
Na terça-feira, 16, 25 PMs foram presos numa operação contra o tráfico de drogas no Sul Fluminense. Eles são acusados de receber propinas de traficantes que variavam de R$ 500 a R$ 2 mil quinzenais.
Os alvos eram PMs associados a uma quadrilha que atua nas cidades de Volta Redonda, Itatiaia e Resende. Foram expedidos 100 mandados de prisão e 191 mandados de busca e apreensão. Até as 18 horas havia 81 presos, sendo 77 por força dos mandados e quatro, em flagrante.
Soldados, cabos e sargentos do 28º Batalhão da PM (Volta Redonda) foram enquadrados em crimes como associação criminosa armada, corrupção, tráfico e roubo. Trinta e dois agentes da unidade estariam envolvidos e teriam permitido a venda de drogas em áreas dominadas pelos criminosos.
Houve casos de recebimento de R$ 10 mil para liberação de presos e de R$ 5 mil por grandes quantidades entorpecentes devolvidas. E também registros de entorpecentes apreendidos e entregues de volta aos bandidos logo na sequência, mediante pagamento de R$ 1,5 mil.
A operação foi do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP e da Coordenadoria de Segurança e Inteligência do órgão, e foi realizada em parceria com a Polícia Federal, a Corregedoria e a Coordenadoria de Inteligência da PM e do próprio 28º BPM.
O trabalho baseou-se em sete denúncias feitas ao Gaeco, que se referiam aos 32 PMs e a 70 traficantes. Interceptações telefônicas revelaram que os grupos de traficantes inclusive indicaram votos em políticos que apoiavam.