Marcela não estava desempregada, trabalhava em uma startup brasileira há três anos, mas sempre esteve atenta a novas ideias e tendências do mercado - de olho na ThoughtWorks, que é referência por se aliar a movimentos pró-diversidade. No sétimo mês de gravidez, ela foi chamada para participar de um processo seletivo e em nenhum momento a condição foi um impeditivo. "Estar grávida não foi um obstáculo. Eles deixaram claro que era a minha competência que estava sendo avaliada", lembra. O cargo dela continua o mesmo. Como designer de experiência, ela procura entender o comportamento dos usuários e propor soluções a partir de um novo software, uma nova interface ou um novo dispositivo.
A designer concorda que a gravidez é entendida equivocadamente no mercado de trabalho na maioria das situações, e acredita que as mulheres no geral sofrem discriminação. De acordo com ela, há um paradoxo: se por um lado há uma pressão da sociedade para uma mulher ser mãe, por outro, há esse preconceito. "Quando se está grávida o medo de ser demitida é iminente. A gente se cobra para sermos igualmente valorizadas. Uma fase que deveria ser leve, vira um momento de provação", reflete.
Mamãe de primeira viagem, Marcela está tranquila e só vai descobrir o gênero do bebê quando ele nascer - e pode ser a qualquer momento. Sem se preocupar com a questão, querendo que o bebê chegue livre ao mundo e desassociado do estereótico no qual crescemos, ela finaliza: "Só estamos esperando a Gaia ou o Gael querer nascer".