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'Agora só pelos livros', diz biógrafo da família imperial sobre museu

Exatos 196 anos antes de ser acometido por um incêndio, o antigo Palácio de São Cristóvão, que hoje abriga o Museu Nacional, foi local de um dos episódios mais marcantes da história brasileira

reunia também peças arqueológicas retiradas de escavações nas antigas cidades de Herculano e Pompeia, doadas pela imperatriz Teresa Cristina. De origem italiana, foi no jardim do entorno do museu, então Palácio de São Cristóvão, que ela ensinou as filhas, princesa Isabel e princesa Leopoldina, a fazerem os primeiros mosaicos noticiados no Brasil. As peças foram criadas com conchas e pedaços de porcelana quebrada.

Rezzutti também lembra que foi no Palácio, situado dentro da Quinta da Boa Vista, que nasceu o imperador Dom Pedro II e morreu a imperatriz Leopoldina. "Quando vinha gente de fora, nobres estrangeiros, a recepção era dada em uma mesa de jantar colocada no antigo gabinete da Imperatriz Leopoldina para mostrar as peças mineralógicas da coleção."

Depois, com a queda da monarquia, foi lá que se realizou a primeira assembleia constituinte da era republicana, de 1891. "A ciência também é muito ligada à família imperial. Foi Dom João VI que criou o museu (então chamado de Museu Real)", lembra o historiador. Originalmente na região da Praça da República, no centro, o Museu se mudou para a Quinta da Boa Vista após a proclamação da república.

"A única coisa que nos resta hoje é ter esperança. Sensação é de que hoje estamos vivendo um processo de luto", desabafa. "Não sei, a partir do momento em que assassina uma vereadora eleita (Marielle Franco) e você não tem um resultado. Se a vida humana é tratada desse jeito, uma peça de museu não é nada."

Para Rezzutti, museus ligados a instituições educacionais são alguns dos que mais têm carências no Brasil. "É o caso também do Museu do Ipiranga, que não acontece desgraça maior porque está fechado. Precisou alguém ver que o prédio iria desabar para ser fechado. Não existe investimento preventivo."

"São dois problemas no Brasil: a Educação e a Cultura. O investimento é muito pouco, é ridículo perto de outros lugares", ressalta. "O que tem de gente lamentando o que aconteceu e nem sabe o que é, que morador do lado do Museu e nunca foi. O brasileiro quer conhecer o Louvre, não o que tem em casa, quer conhecer a modinha."

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