Um incêndio atinge o Museu Nacional, situado na Quinta da Boa Vista (zona norte do Rio), na noite deste domingo, 2. Os bombeiros de três quartéis foram acionados às 19h30 e às 20h20 estavam combatendo o fogo, mas aparentemente o prédio foi totalmente consumido. Às 21h, dezenas de curiosos entravam na Quinta da Boa Vista para ver o incêndio. Funcionários choravam. Não havia registro de feridos. Grandes labaredas atingiam os dois andares, e estrondos eram ouvidos de tempos em tempos.
"Começou por volta das 19h30. Eu moro pertinho e, assim que soube, vim pra cá. É uma pena, acho que não vai sobrar nada", afirmou o advogado Marcos Antônio Pereira, de 39 anos, enquanto acompanhava o combate ao fogo.
Entre os funcionários do museu, o clima era de desespero. "Queimou tudo, perdemos tudo", repetia uma mulher, aos prantos. Ela não quis se identificar.
Sem vítimas
O fogo não deixou vítimas, porém, destrói coleções inteiras e as exposições que estavam em duas áreas da frente do prédio principal. De acordo com a assessoria de imprensa do Museu Nacional, as chamas atingiram as salas da administração, além dos locais em que havia exposições e coleções inteiras.
O levantamento completo do que está sendo destruído ainda não pôde ser realizado, porque o fogo é intenso no local e há riscos de explosões. De acordo com a assessoria, no momento em que houve o incêndio, os quatro seguranças que estavam no prédio conseguiram escapar.
Inaugurado em 1818, o museu completou 200 anos em junho. Especializado em história natural, é o mais antigo centro de ciência do Brasil e o maior museu desse tipo na América Latina. O edifício foi residência da família real brasileira e tem um dos acervos mais importantes do país, são mais de 20 milhões de peças em distintas áreas.
;Dia trágico;
O presidente Michel Temer divulgou nota lamentando o incêndio: "Incalculável para o Brasil a perda do acervo do Museu Nacional. Hoje é um dia trágico para a museologia de nosso país. Foram perdidos duzentos anos de trabalho, pesquisa e conhecimento. O valor para nossa história não se pode mensurar, pelos danos ao prédio que abrigou a família real durante o Império. É um dia triste para todos brasileiros".
Já o ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, classificou hoje como ;imensa tragédia; o incêndio no Museu Nacional do Rio e disse que o dia é de ;luto;. Em nota, ele lembrou que o local é vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e que reúne um ;acervo fabuloso;.
Em nota, Sá Leitão ressaltou que foi assinado, em junho, um contrato de patrocínio com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no valor de R$ 21,7 milhões. "Tenho procurado ajudar a instituição desde que entrei no MinC. O Instituto Brasileiro de Museus realizou diversas ações;, informa a nota.
O ministro alertou sobre a necessidade de dar mais atenção ao patrimônio nacional. ;Infelizmente não foi o suficiente. Temos que cuidar muito melhor do nosso patrimônio e dos acervos dos museus. A perda é irreparável. Certamente a tragédia poderia ter sido evitada. O MinC está de luto. A cultura está de luto. O Brasil está de luto. É vital refazer o Museu Nacional, revendo também seu modelo de gestão. E investir agora para que isso não aconteça nos demais museus públicos e privados.;
Na nota, Sá Leitão lamenta que "aparentemente vai restar pouco ou nada do prédio e do acervo exposto. A reserva técnica não foi atingida. É preciso descobrir a causa e apurar a responsabilidade;.
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* Com informações da Agência Estado e Agênca Brasil