A Polícia Federal deflagrou na manhã desta terça-feira (21/8), a Operação Muiraquitã com o objetivo de desarticular um grupo criminoso que atuava no garimpo ilegal na terra indígena Kayapó. A ação está sendo realizada na região entre as cidades Ourilândia e Tucumã, região sudeste do Pará, e é resultado de uma parceria entre PF, Ibama e a Funai.
"A ações desencadeadas visam realizar prisões em flagrante dos envolvidos, facilitar a ação do órgão ambiental na constatação dos danos extremos à natureza, desativar as pistas de pouso que não são homologadas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e que não servem à comunidade indígena e estancar a extração e comercialização ilegal de ouro na região", diz a PF.
A operação é considerada a maior ação com uso de força aérea policial naquela região do País. Ao todo, são sete helicópteros da PF, Ibama e Secretaria de Segurança Pública do Pará estão atuando para atacar a logística utilizada pelo grupo. Duas pistas de pouso e decolagem clandestinas serão explodidas pela PF.
O jornal O Estado de S. Paulo apurou que a PF investiga a relação dos garimpeiros ilegais com compradores do exterior. Estão na mira dos investigadores uma família italiana que estaria envolvida no fomento da exploração do ouro na região e um empresário chinês do setor financeiro.
"A atividade mineradora clandestina ocasiona diversos danos ao meio ambiente e aos indígenas, sendo os mais recorrentes: desvio do curso de rios, desmonte hidráulico (no caso de garimpagem mecânica), aterramento de rios e contaminação do solo, ar e águas através de metais pesados, principalmente o mercúrio, extinção de vegetação e animais e contaminação dos silvícolas", diz nota da PF sobre a operação.
Até o momento, a Funai já mapeou que cerca de 2.800 indígenas foram contaminados pelos resíduos do garimpo ilegal despejados nos rios da região.
A extensão dos danos causados será avaliada por peritos criminais federais que participam da operação e estão coletando informações e materiais que resultarão em laudo pericial.
O nome da operação faz referência aos objetos utilizados por "povos indígenas como amuletos, símbolos de poder ou, ainda, como material para compra e troca de artefatos valiosos".