Em 2016, o Brasil registrou 62.517 homicídios, segundo informações do Ministério da Saúde. O número é superior ao de 2015, com 3.437 casos a mais. Pela primeira vez na história, isso equivale a uma taxa de 30 mortes para cada 100 mil habitantes, que corresponde a 30 vezes a taxa da Europa. Apenas nos últimos dez anos, 553 mil pessoas perderam suas vidas devido à violência intencional no Brasil.
De acordo com o Atlas da Violência 2018, produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 33.590 jovens brasileiros foram assassinados, sendo 94,6% do sexo masculino. As mortes respondem por 56,5% da causa de óbito de homens entre 15 a 19 anos. Quando considerados os jovens entre 15 e 29 anos, a taxa de homicídio por 100 mil habitantes foi de 142,7. O número representa um aumento de 7,4% em relação ao ano anterior.
Se, em 2015, uma pequena redução fora registrada em relação a 2014 (-3,6%), em 2016 voltou a ter crescimento do número de jovens mortos violentamente. Entre as unidades federativas com maior índice de morte estão Acre, Amapá, seguidos pelos grupos do Rio de Janeiro, Bahia, Sergipe, Rio Grande do Norte e Roraima.
Negros morrem mais
Sob o recorte de raça, nos últimos dez anos, a taxa de homicídios de pessoas não negras diminuiu 6,8%, ao passo que a taxa de vitimização da população negra aumentou 23,1%. A taxa de assassinato para os indivíduos negros foi de 40,2. O mesmo indicador para o restante da população foi de 16, ou seja, 71,5% das pessoas que são assassinadas a cada ano no país são pretas ou pardas.
Em relação às mulheres negras, o índice de mortes foi 71% superior ao de mulheres não negras. As maiores taxas de homicídio encontram-se em Sergipe (79,0%) e no Rio Grande do Norte (70,5%), enquanto que as menores foram registradas em São Paulo (13,5%), no Paraná (19,0%) e em Santa Catarina (22,4%).
Alta vulnerabilidade
Segundo o Atlas, a violência contra a mulher é ainda maior entre crianças de até 13 anos, quando 68% dos registros, no sistema de saúde, se referem a estupro de menores. Quase um terço dos agressores são amigos e conhecidos da vítima enquanto 30% são familiares mais próximos como pais, mães, padrastos e irmãos. O levantamento mostra ainda que, quando o suspeito era conhecido da vítima, 54,9% dos casos tratam-se de ações que já vinham acontecendo anteriormente e 78,5% dos casos ocorreram na própria residência.
Entre 2011 e 2016, houve um crescimento das notificações de casos de violência e casos de estupro no país. Além das crianças e adolescentes, 10,3% das vítimas de estupro possuíam alguma deficiência, de acordo com o levantmaento. Dessas, 31,1% eram diagnosticadas com deficiência mental e 29,6% com transtorno mental.