Jornal Correio Braziliense

Brasil

Para especialistas, metas ambientais dificilmente serão alcançadas até 2020

Maioria dos estudos mostra que grande parte dos ecossistemas terão redução de biodiversidade de plantas e animais, associado com menor área disponível para essas espécies

No Dia Internacional da Biodiversidade, comemorado nesta terça-feira (22/5), especialistas alertam para espécies que estão ameaçadas no país e sobre metas ambientais governamentais que dificilmente serão alcançadas até 2020.

O WWF Brasil organizou um levantamento de estudos sobre mudanças climáticas e biodiversidade de 2004 a 2017 e apresenta um cenário preocupante. Segundo André Nahur, coordenador de Mudanças Climáticas do WWF Brasil, a maioria dos estudos mostra que grande parte dos ecossistemas terão redução de biodiversidade de plantas e animais, associado com menor área disponível para essas espécies.

;As grandes ameaças à biodiversidade são os desmatamentos, queimadas e efeitos nas mudanças climáticas. Até 2050, podemos ter uma redução do açaí na Amazônia. No Cerrado, o pequi, a arnica e a mangaba poderão sofrer uma redução de até 90% de distribuição. Isso trará implicações na economia dos municípios que tem esse alimento como fonte de sustento;.

Nahur explica que o Ipê Amarelo, emblemático no Distrito Federal, já demonstra alteração genética por diferença de temperatura, aumentando o risco de extinção. Animais como o Tamanduá-Bandeira e o Tatu-Canastra também estão em perigo. Um outro cenário mostra que

Com o aumento da temperatura, doenças como a malária e a dengue se espalharão com mais facilidade. No Brasil, estima-se uma provável expansão do mosquito Aedes aegypti para o sul até 2050. ;Até o final do século haverá um aumento de temperatura de 3; C ou mais. No Nordeste, isso significaria 5; a 6; C a mais do que hoje. Toda essa questão da biodiversidade, floresta e ecossistema são fundamentais para garantir a sobrevivência. Para mudar isso, precisamos promover a economia florestal e a manutenção de áreas preservada. A educação ambiental também é fundamental. A faixa de desmatamento na Amazônia é de 40%, no cerrado de 50%;, relata.

Ele finaliza dizendo que ainda há muito a ser feito. ;Devemos comemorar o que já conseguimos. Mas temos que olhar para o futuro, para a conservação e manutenção. Temos espécies que ainda nem foram descobertas. Tem uma perda silenciosa que a ciência não consegue estimar;.

Metas de Aichi

Entre 2011 a 2020, um Plano Estratégico de Biodiversidade que busca deter a perda da diversidade biológica foi traçado entre os países, as chamadas Metas de Aichi. O analista de Projetos Ambientais, Robson Capretz, ressalta que o Brasil detém 15% da biodiversidade mundial e que os pesquisadores acreditam que quase 80% dos seres vivos do planeta ainda não foram catalogados. Para ele, das 20 metas estabelecidas no documento, pelo menos três dificilmente serão alcançadas em até dois anos.

;A meta 11 prevê a conservação de pelo menos 17% das zonas terrestres e de águas continentais, e 10% das zonas costeiras e marinhas e outras medidas eficientes de conservação. No entanto, temos espécies que não são satisfatoriamente protegidos, como os corais da amazônia, por exemplo. A meta 12 prevê que em 2020, a extinção de espécies em extinção conhecidas deve estar prevenida e a situação de conservação, melhorada. Está longe. O Ministério do Meio Ambiente tem uma lista vermelha de fauna e flora, nem todos têm plano de ação e estratégia definida e continuam sendo exploradas."

E continua. "Tem a meta 15, que fala sobre a Convenção do Clima, que pede a restauração de, pelo menos, 15% de ecossistemas degradados. Infelizmente, não temos essa taxa de reparação. Estamos no caminho, mas precisamos acelerar. O ponto positivo é que as metas estabelecidas ajudam a manter o foco. Mas terão que ser rediscutidas. Temos que cobrar fiscalização, que não sejam apenas criadas, mas que funcionem;, analisa.