Brasil

Documento mostra que Geisel autorizou execução de presos durante ditadura

Memorando da CIA revelou uma conversa entre o ex-presidente e dois generais do governo definindo a conduta em relação aos presos "perigosos"

Gabriela Vinhal
postado em 10/05/2018 16:45
Documento dos EUA revela que general Geisel autorizou execução de presos políticos durante a ditadura militar
Um documento secreto divulgado pelo governo dos Estados Unidos, nesta quinta-feira (10/5), mostra que o general e ex-presidente do Brasil Ernesto Geisel soube e autorizou a execução de opositores políticos durante a ditadura militar. Ao menos 100 pessoas foram mortas. O memorando, feito pelo ex-diretor da CIA William Egan Colby, em 11 de abril de 1974, foi destinado ao então Secretário de Estado dos EUA Henry Kissinger.

Segundo o documento, em 30 de março de 1974, Geisel teria se reunido com o general Milton Tavares de Souza e com o general Confúcio Danton de Paula Avelino, respectivamente os chefes de saída e chegada do Centro de Inteligência do Exército (CIE). Também estava presente no encontro o general João Baptista Figueiredo, chefe do Serviço Nacional de Inteligência (SNI).

O general Milton, que fez a maior parte da conversa, delineou o trabalho da CIE contra o alvo subversivo interno durante a administração do ex-presidente Emilio Garrastazu Médici. Ele teria ressaltado que o "Brasil não poderia ignorar a ameaça subversiva e terrorista", e dito que "métodos extra-legais devem continuar a ser empregados contra subversivos perigosos."

Segundo o memorando, cerca de 104 pessoas foram executadas pela CIE em 1973. Figueiredo teria apoiado a conduta e insistido para dar continuidade ao processo. Geisel, por sua vez, teria afirmado que precisava de um tempo para refletir sobre o assunto e chegar a uma decisão. Em 1; de abril, de acordo com o memorando, o ex-presidente do Brasil teria determinado que a política de execuções continuasse. No entanto, "com muito cuidado para assegurar que apenas presos políticos perigosos fossem executados."

O presidente e o general Figueiredo haviam concordado que quando a CIE prendesse uma pessoa que pudesse se enquadrar nessa categoria, o chefe do centro de inteligência consultaria Figueiredo para pedir a aprovação da execução. A cópia do documento foi disponibilizada ao Secretário de Estado Adjunto para Assuntos Interamericanos, nesta quinta.

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