O Centro Espírita Caboclo Pena Branca foi alvo de intolerância religiosa na madrugada desta terça-feira (8/5), em Nova Iguaçu (RJ), na Baixada Fluminense. O terreiro de candomblé foi totalmente destruído pela ação de vândalos, que atearam fogo nas instalações, depredaram os orixás e deixaram palavras pichadas nas paredes, como ;Não queremos macumba aqui; e ;Fora macumbeiros.
O centro está instalado há 15 anos no bairro de Cabuçu. O pai de santo Sérgio Malafaia d;Ogum relatou que uma vizinha viu o terreiro pegando fogo e chamou o Corpo de Bombeiros, mas quando as equipes chegaram o terreiro já estava totalmente destruído.
;Tenho um serviço social muito grande aqui na região, e distribuo cerca de 200 a 300 cestas básicas mensalmente para a comunidade. Evito tocar atabaques durante à madrugada para não incomodar os vizinhos e, mesmo na festa de saída dos santos, faço pela manhã para não entrar pela madrugada, com rezas e preceitos religiosos;, afirmou Sérgio d;Ogum. Ele disse que não sabe quem pode ter cometido a ação de vandalismo.
;Eu não tenho a mínima desconfiança de quem possa estar por trás disso. Acredito que em um prazo de dois meses é possível colocar o terreiro novamente para funcionar, com muita fé, trabalho e ajuda dos filhos de santo.;
Intolerância religiosa
Os casos de intolerância religiosa aumentaram 56% no Rio neste ano em comparação ao primeiro trimestre de 2017, segundo a Secretaria de Estado de Direitos Humanos e Políticas para Mulheres e Idosos (SEDHMI). Foram contabilizadas 16 denúncias entre janeiro e abril do ano passado.
Em 2018, o número subiu para 25, no mesmo intervalo de tempo. As denúncias de 2017 e as registradas até o dia 20 de abril deste ano totalizam 112 casos, com mais de 900 ações de atendimento realizadas para a solução e o acolhimento das denúncias.
Os municípios com os maiores índices de intolerância são o município do Rio de Janeiro com 55%, seguido de Nova Iguaçu com 12,5% e de Duque de Caxias com 5,3%.
O tipo de violência mais praticado é a discriminação com o índice de 32%; seguido de depredação de lugares ou imagens com 20%, e difamação com 10,8%. As religiões como candomblé, umbanda e religiões de matrizes africanas lideram o índice de denúncias. Os ataques ao candomblé representam 30% dos casos, seguido da umbanda com 22% e matrizes africanas com 15%.