Jornal Correio Braziliense

Brasil

Brasileira cria startup que alia turismo a projetos sócio-ambientais

Objetivo da GoLocal é fazer com que, além de aproveitar os principais pontos turísticos, visitantes também possam contribuir com projetos locais



Normalmente, quando viajamos, vamos a um local, desfrutamos dele e voltamos para casa com as energias renovadas. Mas, e se os viajantes também pudessem contribuir para renovar a energia das regiões visitadas? Foi com essa proposta que uma bióloga e antropóloga paulista decidiu criar uma startup de turismo que alia passeios tradicionais a atividades em projetos sociais e ambientais.

"A gente chama de viagem com propósito. Vimos que existem viagens totalmente focadas no voluntariado, mas elas atraíam um nicho muito pequeno de pessoas que se dispunham a passar as férias fazendo esse tipo de coisa. Por isso, pensamos em uma proposta mista. A pessoa viaja, curte, visita os pontos turísticos, se diverte e também contribui com projetos locais", explica Roberta Guimarães, fundadora da GoLocal.

PhD em Antropologia Biológica pela Universidade de Cambridge, na Inglaterra, a paulista conta que teve o primeiro contato com o turismo ao trabalhar em unidades de conservação. "Achava tudo muito incipiente. O retorno para o local era muito pequeno", lembra. A ideia de criar o GoLocal surgiu em 2016, durante participação em um laboratório criativo em Santa Catarina. "Durante esse laboratório, a gente fez várias entrevistas e conheceu comunidades." A partir de então, Roberta se dedicou a encontrar parcerias com projetos sociais e ambientais ao redor do mundo: "Garimpamos, fomos atrás, escrevemos, conversamos muito... Foi a parte mais difícil. Achar propostas alinhadas com as nossas."

Assim, há cerca de um mês, a GoLocal ganhou forma e passou a oferecer as viagens. Ao todo, são cerca de 50 roteiros nos cinco continentes e até nos pólos do planeta. Entre as opções estão, por exemplo, um giro por quatro países da América do Sul (Argentina, Chile, Bolívia e Peru) e um passeio por Uganda e Ruanda, na África. Em todos os roteiros, há uma pergunta: "Por que está na GoLocal?", onde são mostrados os projetos que serão beneficiados com as viagens. Nos dois exemplos citados, as iniciativas são, respectivamente, um restaurante que tem ajudado a inserir mulheres indígenas no mercado de trabalho de Machu Picchu e um trabalho de conservação de chimpanzés e gorilas.

As boas ideias só esbarram, porém, nos altos custos. O pacote africano sai por cerca de US$ 3,5 mil (mais de R$ 12 mil), enquanto a proposta sul-americana chega a custar US$ 5,1 mil (quase R$ 18 mil). Tudo isso sem a passagem aérea. "Estamos apostando na divulgação. É difícil se lançar no mercado, porque são viagens internacionais e os valores não são tão baixos. Por isso, é preciso criar essa confiança", pondera Roberta que, no entanto, diz estar otimista em relação ao projeto. "O público existe, sim. As pessoas começam a fazer o bem e a colaborar com projetos sociais e ambientais e não conseguem mais parar. A sensação é muito boa. E fazer isso viajando é melhor ainda", assegura.