Mais uma vez, a queda de uma árvore espalha medo e prejuízo, agora em forma de chamas, pelas ruas de Belo Horizonte. O incidente, o mais recente de uma série que já provocou inclusive mortes na capital, ocorreu em um endereço nobre, na Rua São Paulo, Bairro de Lourdes, Região Centro-Sul, atingindo nove carros e causando um incêndio de grandes proporções na tarde dessa quarta-feira (18/4). Segundo o Corpo de Bombeiros, o tronco bateu no transformador de energia de um poste que, em seguida, caiu sobre os veículos.
Sete deles foram destruídos pelas chamas, e dois pela queda da árvore de cerca de 20 metros. Três viaturas do Corpo de Bombeiros foram ao local e a área foi isolada no cruzamento da São Paulo com a Gonçalves Dias. A demora da Cemig, que levou quase uma hora para garantir o desligamento da energia na região, atrasou os trabalhos dos bombeiros e ampliou o prejuízo. A Secretaria Municipal de Meio Ambiente informou que fará uma reunião de emergência para apressar o processo de podas e de supressões de árvores condenadas na cidade. Neste ano, até o último dia 5, 816 exemplares foram removidos pela prefeitura em BH, 64 na Região Centro-Sul.
Cármen Campos, de 56 anos, dona de um dos carros atingidos, disse que havia estacionado no local cerca de 10 minutos antes de o incêndio começar. ;Saí do carro, entrei para a loja e em menos de cinco minutos escutamos um barulho e vimos o incêndio;, contou, abalada, a comerciante. A filha dela, Kênia Campos, que estava na vaga antes de a mãe entrar, contou que ficou em estado de choque. Para ela, o incidente poderia ter sido evitado se a prefeitura tivesse feito avaliação das árvores da região. ;Não tinha ventado forte, nem chovido. Outras árvores já caíram aqui na rua há mais tempo. É displicência;, apontou Kênia.
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O Corpo de Bombeiros foi acionado às 16h54, quando apenas um carro estava em chamas. ;Não podíamos começar o combate ao fogo, devido ao risco de choque. Apenas às 17h55 os cabos foram desenergizados. Houve um momento em que a Cemig informou que poderíamos começar o combate, mas em seguida disse que não. Eu poderia ter perdido 10 militares;, contou o tenente Sérgio Magalhães Júnior, do Corpo de Bombeiros.
Carolina Pardini, de 28, desceu correndo as escadas do prédio em frente de onde havia estacionado o carro. ;Ouvi o barulho muito forte. Achei que era algum problema no elevador do prédio. Quando vi, era um carro já pegando fogo. O meu estava logo em frente. Pensei em entrar correndo para retirá-lo, mas o fogo se alastrou muito rápido e me orientaram a não fazer isso;, contou, indignada. ;A gente paga tudo em dia, sempre. É um absurdo que isso aconteça;, completou. Ela espera que o seguro cubra o prejuízo. Porém, isso deve demorar cerca de 30 dias: ;Agora, vou precisar de me locomover de táxi, ônibus. Quem vai arcar com esse custo?;, questionou. Os motoristas vítimas do incidente criaram um grupo no WhatsApp para discutir sobre os danos e devem mover uma ação coletiva contra a prefeitura.
Os bombeiros aconselharam o esvaziamento de sete prédios, devido ao cheiro da fumaça. A Defesa Civil ainda deve fazer uma vistoria nesses imóveis. A Cemig informou que a queda da árvore provocou a quebra de um poste, com transformador de energia. ;Imediatamente, o Centro de Operações da Distribuição desligou remotamente a energia de forma preventiva em parte dos bairros Lourdes, Funcionários e Santo Agostinho e informou ao Corpo de Bombeiros que toda a região estava sem eletricidade, garantindo a segurança do trabalho de combate ao incêndio;, sustentou a empresa. Apesar da demora de quase uma hora, a concessionária ressalta que a região afetada é ;equipada com equipamentos de acionamento remoto, que não dependem da presença física das equipes para a interrupção do fornecimento;. Segundo a empresa, o religamento da luz da maioria dos consumidores ocorreu por volta das 18h50.
*Estagiário sob supervisão do editor Roney Garcia, do Estado de Minas