João Henrique do Vale/Estado de Minas
postado em 30/03/2018 08:07
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) suspendeu, pela segunda vez em menos de 20 dias, as operações da Anglo American em Santo Antônio do Grama, na Zona da Mata mineira. O motivo da suspensão foi um novo vazamento no mineroduto da empresa, detectado no início da noite de ontem. A informação é da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad).
Uma equipe do Núcleo de Emergência Ambiental (NEA) da Semad vai seguir para o local na manhã de hoje. Ainda não há informações sobre danos ambientais, mas as atividades da empresa foram paralisadas após o incidente. A mineradora já era alvo de investigação devido ao primeiro rompimento do duto.
A empresa confirmou o vazamento em nota, identificado por volta das 18h55 de ontem. "O vazamento de polpa de minério de ferro, material não perigoso, durou aproximadamente cinco minutos e já foi estancado. Não houve feridos;, afirmou a mineradora. ;O abastecimento de água em Santo Antônio do Grama não foi impactado, uma vez que agora a captação é feita pelo Rio Salgado. As autoridades e órgãos competentes foram avisados imediatamente após identificado o vazamento. A empresa está mobilizando todos os esforços para ação imediata de resposta ao incidente e, tão logo tenha mais informações, divulgará à sociedade;, concluiu.
Também por meio de nota, a Semad disse que foi informada sobre o vazamento às 20h24. A pasta informou que o ;licenciamento ambiental do mineroduto é feito pelo Ibama;, que suspendeu as atividades em 12 de março e autorizado a retomada no dia 27.
No dia 12 deste mês, a tubulação da empresa, que transporta a produção de minério de ferro de Minas Gerais para o Rio de Janeiro, se rompeu na zona rural de Santo Antônio do Grama. Aproximadamente sete quilômetros dos rios Santo Antônio e Rio Casca foram afetados pela polpa de minério (composta por 70% de minério e 30% de água) e o abastecimento de água precisou ser suspenso na região por três dias.
Na ocasião, um auto de fiscalização foi lavrado pelo Núcleo de Emergência Ambiental (NEA). O órgão determinou que a mineradora cumpra várias medidas, sendo a mais urgente a limpeza da calha do Ribeirão Santo Antônio do Grama e suas margens. Esse procedimento deve ser realizado até 31 de maioe já foi iniciado
De acordo com a Semad, o auto de fiscalização prevê também, a entrega, no prazo máximo de cinco dias, laudo atestando a estabilidade da barragem de emergência . Ele deverá ser emitido por uma empresa de consultoria e ter Anotação de Responsabilidade Técnica (ART). A empresa deverá ainda enviar o projeto de recuperação da área degradada (PRAD) em 30 dias.
O Ministério Público Federal (MPF) abriu inquérito para investigar o primeiro rompimento da tubulação. O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) também investiga o caso. O órgão pediu o bloqueio imediato de R$ 10 milhões da Anglo American.