O caso está sendo investigado também pela Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania de São Paulo, com base na Lei Estadual Contra Discriminação Racial (Lei n; 14.187/2010), que prevê desde advertência até multa de R$ 25,7 mil.
;Horror de turismo. Odeio pretos e pardos falando muito e comendo de tudo por muito tempo, em bandos, nos hotéis três estrelas de orla de praia! Um café da manhã macabro com tanta algazarra e gulodice. Alguém consegue comer carne de sol logo cedo lotando o prato por três vezes? Eles conseguem, todos! Queria ser muito rico e ter o café no meu quarto sempre nu e escutando Mozart;, dizia o texto postado nas redes sociais por José Guilherme Almeida.
A postagem foi apagada após a repercussão do episódio, mas o print do post viralizou na internet e movimentos sociais e de defesa dos negros, além dos próprios alunos do IFSP, se manifestaram cobrando ações do instituto.
Outro caso de injúria racial que chamou a atenção nos últimos dias é o de um estudante de administração pública da Fundação Getulio Vargas de São Paulo (FGV-SP), que se referiu a outro aluno usando o termo escravo, ao compartilhar uma foto da vítima no WhatsApp. ;Achei esse escravo no fumódromo! Quem for o dono avisa;, escreveu. Após a vítima registrar boletim de ocorrência, o aluno foi suspenso por três meses da faculdade.
Impunidade
José Jorge de Carvalho, professor de antropologia da Universidade de Brasília, comemorou o afastamento do docente do IFSP. ;A punição é o caminho que temos para buscar a melhora e mostrar o erro. A impunidade dos crimes racistas não pode continuar;, afirmou.Segundo Carvalho, o avanço da igualdade racial e a luta da população negra têm incomodado pessoas preconceituosas. ;É o que eu chamo de racismo reativo. A presença de negros em alguns locais incomoda quem não está acostumado com isso. O branco ocupava o espaço sozinho e, agora, tem que compartilhá-lo, mas não suporta a convivência;, explicou, ao se referir à frase do post na qual o professor diz que gostaria de tomar café no quarto, longe dos negros.
Para ele, uma das coisas que o governo poderia fazer para combater o problema seria a implementação de cotas raciais no Judiciário. ;É raro vermos juízes negros, e isso aumenta a impunidade, a tendência de minimizar os casos e a dificuldade de tipificar crimes de racismo;, opinou. Na visão de Carvalho, é preciso uma estratégia que promova maior equilíbrio racial na estrutura de governo do país.