Especialistas em segurança no estado disseram que as duas chacinas estariam interligadas. Na madrugada de sábado, na casa de shows Forró do Gago, o conflito teria sido por acerto de contas, resultando na morte de oito mulheres e seis homens, vítimas escolhidas aleatoriamente.
[SAIBAMAIS]O secretário de Segurança Pública e Defesa Social do Ceará, André Costa, disse, em entrevista, que a chacina na capital cearense foi ;ação planejada e organizada;, tendo ocorrido em local que já havia sofrido batida policial. Mas causou polêmica o fato de ele ter dito, no domingo, que não havia ;perda de controle;. E que também não havia ;motivo para pânico;, pois a polícia estava acompanhando de forma engajada.
A afirmação do secretário gerou críticas do Conselho Penitenciário do Estado do Ceará (Copen), vinculado à Secretaria de Justiça e Cidadania, que afirmou, em nota: ;mesmo reconhecendo que o aumento da violência urbana no Ceará não seja um fenômeno exclusivamente local, fica evidenciado o descontrole da situação pelos órgãos de segurança do estado;. Costa afirmou, ainda, que um dos grandes problemas do país é a falta de policiamento nas fronteiras, facilitando a entrada de drogas, por exemplo, que se tornam munição em fortalecimento das facções criminosas.
Arena Política
No domingo, o governador cearense, Camilo Santana (PT), tentou imputar a responsabilidade da chacina de Cajazeiras ao governo federal, criticando a falta de uma política nacional para o combate ao crime organizado. ;Quem não tem competência que não se estabeleça;, disparou em resposta, ontem, o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun (PMDB-MS). ;Transferir isso para o governo federal é absurdo;, continuou. O petista seguiu o exemplo do governador Marconi Perillo (PSDB), que, no início do ano, também criticou a falta de ação e recursos do governo federal, após fuga de 200 presos em Aparecida de Goiânia.
A resposta de Marun foi seguida de nota do Ministério da Justiça, que também rebateu as críticas de Santana deixando clara a irritação do governo: ;O ministro Torquato Jardim reafirma que a União seguirá cumprindo o papel de oferecer apoio técnico e financeiro aos estados, como vem fazendo regularmente, para que os órgãos de segurança pública trabalhem de forma integrada e harmoniosa, ainda que os governantes não solicitem apoio por razões eminentemente políticas;.
No Ceará, outro assessor deu seguimento ao tom de críticas iniciado por Santana. Em debate ontem na rádio CBN, o chefe de gabinete do governador, Élcio Batista, afirmou: ;O governo do estado não precisa do governo federal. Vamos responder em cada uma das situações;. Após os massacres, autoridades do setor de segurança pública do Ceará anunciaram a criação de força-tarefa e a separação de presos, para tentar controlar a ação das organizações criminosas.;
* Estagiária sob supervisão de Rozane Oliveira