A procura pelas vacinas contra a febre amarela provocou longas filas em postos de saúde do Rio de Janeiro e São Paulo durante o fim de semana. Na capital paulista, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, houve falta pontual das doses e insumos, como agulhas em alguns postos. Unidades que antes aplicavam 500 doses por mês agora vacinam mil pessoas por dia.
Devido ao surto de febre amarela, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, se viu obrigado a desistir de viajar a Davos, na Suíça, para acompanhar o presidente Michel Temer no Fórum Econômico Mundial. Ele acompanhará a campanha de vacinação fracionada que estava marcada para 3 de fevereiro e acabou antecipada para quinta-feira em São Paulo e no Rio de Janeiro.
No estado de São Paulo, 54 municípios e regiões fora da área de risco receberão as doses fracionadas. Além disso, o estado reservará os dias 3 e 17 de fevereiro para abrir postos de saúde em regime especial. Já no Rio de Janeiro, 15 cidades terão uma grande mobilização no próximo sábado. Serão os ;dias D; da campanha.
Ainda em São Paulo, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, faltas pontuais podem ocorrer devido à alta demanda, porém as unidades são reabastecidas diariamente. A pasta reforça que, onde a presença do vírus não foi confirmada, a recomendação é esperar a campanha de vacinação fracionada. Uma dose padrão, que tem duração garantida para o resto da vida, tem, 5 mililitros (ml). Já a fracionada conta com 0,1ml, com duração de oito anos. Esse volume menor por injeção possibilita que mais gente se imunize sem acabar com os estoques. No entanto, a fracionada não é suficiente para quem precisa do certificado internacional de vacinação para viajar ao exterior.
Particular
Após o alerta da Organização Mundial da Saúde (OMS) que incluiu todo o estado de São Paulo como área de risco para a doença, com registro de 81 casos da doença e 36 mortes, também houve corrida às clínicas particulares, que têm fila de espera.Em Minas Gerais, foram confirmados 23 casos e 19 mortes. Outros 46 casos estão em investigação. Os moradores de Belo Horizonte também enfrentaram longas filas. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, a procura pela vacina foi grande em todas as 152 unidades do Sistema Único de Saúde (SUS). O balanço do número de doses aplicadas está previsto para hoje. Ainda de acordo com a pasta, a taxa de imunização pulou de 83% para 86%. A meta é chegar a 95%. Cerca de 39 mil pessoas já foram vacinadas em 2018.
Em Nova Lima, região que concentra o maior número de casos no estado, com seis mortes, foi realizada uma blitz educativa com a distribuição de panfletos com informações sobre a doença. A prefeitura orientou a população, ao longo da semana, a deixar na porta de casa pneus velhos, sucatas, garrafas e materiais em desuso. O volume arrecadado será encaminhado ao aterro sanitário, onde haverá a separação do que puder ser reciclado. Um caminhão percorreu as ruas da cidade para a pulverização do fumacê (inseticida).
Para o infectologista Werciley Saraiva Vieira Júnior, a corrida aos postos demonstra a dificuldade do governo em repensar a saúde a longo prazo. ;Um bom planejamento poderia ter diminuído a proporção da doença. Após o começo do surto no ano passado, as vacinas deveriam ter sido continuadas. Em São Paulo e Rio, que não eram consideradas áreas endêmicas, a taxa de vacinação era de 30 a 40% de vacinação. Foi o que gerou a procura em massa pela vacina. Faltou planejamento.;
;Um bom planejamento poderia ter diminuído a proporção da doença. Após o começo do surto no ano passado, as vacinas deveriam ter sido continuadas;
Werciley Saraiva Vieira Júnior, infectologista