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Três dias depois de nove presos serem mortos, 14 ficarem feridos e outros 99 terem fugido, uma nova rebelião teria começado no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia (GO), na noite desta quinta-feira (4/1).
De acordo com um policial que trabalha no local e preferiu não se identificar, o motim teria começado por volta das 19h30, na ala onde ficam os detentos do regime semiaberto. A Polícia teria tentado entrar no complexo, mas foi impedida por disparos feitos por presos que estão em um telhado da unidade, com uma visão privilegiada em relação aos policiais.
Por volta das 21h30, o Governo de Goiás confirmou, por meio de uma nota, a nova rebelião. Segundo o documento, o motim começou com uma tentativa de invasão de presos da ala C às demais alas. Porém, o serviço de inteligência policial da Secretaria de Segurança Pública já estaria monitorando a ação dos detentos e freou a tentativa de rebelião.
Além da troca de tiros, uma tentativa de explosão de granada teria sido registrada. Ao contrário do que aconteceu na segunda-feira, porém, não houve registro de mortos ou feridos. Um detento teria conseguido fugir da unidade.
Confira a nota na íntegra:
"NOTA-GOVERNO DE GOIÁS
O Governo de Goiás confirma que, no início da noite desta quinta-feira (04/01), houve uma tentativa de invasão de presos da ala C nas alas A, B e D da Colônia Agroindustrial do Regime Semiaberto, no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia.
O serviço de inteligência policial da SSP já monitorava a ação dos presos e a tentativa de rebelião foi rapidamente controlada.
Não houve mortes nem feridos. Uma fuga foi registrada.
Houve tentativa de explosão de uma granada e troca de tiros, mas as forças policiais agiram de forma enérgica para conter a situação.
Vale lembrar que uma vistoria foi realizada na unidade na quarta-feira (03/01).
A Polícia Civil já está com as investigações em estágio avançado na apuração dos fatos que ocasionam tumultos no presídio nos últimos dias.
O Governo de Goiás destaca a eficiência do serviço de Inteligência, bem como a ação das forças policiais que conseguiram acabar com o tumulto rapidamente.
Governo do Estado de Goiás"
Nove mortos
No mesmo local, na última segunda-feira, diversos detentos atearam fogo em colchões e iniciaram uma rebelião na penitenciária. Ao menos nove presos morreram e outros 14 ficaram feridos, segundo informações da Superintendência Executiva de Administração Penitenciária (Seap). Alguns corpos foram carbonizados, e os feridos receberam atendimento médico e já retornaram para a unidade.
Informações da Seap apontam que detentos da ala C invadiram as alas A, B e D devido a uma rivalidade. O grupo de Operações Penitenciárias Especiais (Gope) conteve a situação. Cinco equipes do Corpo de Bombeiros foram acionadas para atuar no combate ao fogo e socorrer feridos. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) encaminhou três ambulâncias e duas motos à unidade prisional.
Dois dias depois, representantes do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO), do Ministério Público e da Defensoria Pública estaduais e da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil em Goiás (OAB-GO) inspecionaram o complexo, após pedido da presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia.
Nesta quinta, poucas horas antes da nova rebelião, um relatório da inspeção foi entregue à ministra. O documento aponta o conflito entre as facções criminosas rivais, a falta de ações preventivas e a demora no julgamento de processos como causas para a rebelião, além de citar problemas estruturais como o abastecimento de água, fornecimento de energia, e acomodações precárias. Na próxima segunda-feira (8/1), a presidente do STF deve se reunir com o governador de Goiás, Marconi Perillo, e visitar o complexo.