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A menina Talita Vitória Bispo de Oliveira Barros, 4 anos, uma das duas últimas que foram transferidas em estado grave de Montes Claros, no Norte de Minas, para o Hospital João XXIII, em Belo Horizonte, morreu na manhã deste sábado (7/10). A informação foi confirmada pelo hospital, que está recebendo os casos mais graves do massacre de Janaúba.
[SAIBAMAIS]
Além de Thallyta, o menino Mateus Felipe Rocha Santos, 5 anos, também chegou à capital na manhã deste sábado. Com ela, o número de crianças mortas por causa do incêndio provocado pelo vigia da creche Gente Inocente, Damião do Picolé, chegou a oito.
Comoção e desespero
A cidade de Janaúba, no Norte de Minas, se despede neste sábado (7/10) de mais duas crianças mortas no incêndio criminoso na creche Gente Inocente: Yasmin Medeiros Salvino e Cecília Davina Dias, ambas de 4 anos. Os corpos foram velados nas casas das famílias.
Sob muita comoção, a menina Cecília Davina Dias foi enterrada às 11h, após a despedida da família. Ela chegou a ser dada como morta na quinta-feira, mas depois a Polícia Militar corrigiu a informação e ela acabou falecendo na sexta-feira.
O técnico de segurança Erick Medeiros Dias, tio de Cecília, disse que o anúncio antecipado da morte causou ainda mais dor à família. A menina teve 80% do corpo queimado. ;Ficará para sempre a lembrança de uma menina que era muito inteligente e só trazia alegria para a família. Todos estão muito tristes;, disse. Erick disse que a sobrinha lutou pela vida até o fim.
Cecília era filha única da dona de casa Regiane. A avó da menina, Nivalda rodrigues Almeida Gonçalves, 49, que é trabalhadora rural, ficou sabendo que a menina era uma das vítimas do incêndio na quinta-feira e foi para Janaúba, ainda com esperanças de a neta escapar. Ela diz não ter palavras para definir a dor que sente.
A outra criança, Yasmin Medeiros Salvino, foi velada em um caixão branco fechado, em uma casa simples do bairro Rio Novo. A mãe dela, Cássia Medeiros de Jesus, 31, disse que a menina era muito querida na creche, amiga de todos os professores. Funcionários foram acompanhar a despedida.
;Ela era uma criança muito alegre e extrovertida e gostava muito da creche. A minha lindinha vai continuar sempre comigo;, disse a mãe, segurando um boneco do pica-pau que pertencia à filha. Cássia também é mãe de Thaís, de 14, João, 9, e Mateus, 7, que não frequentavam a creche. A mãe teve momentos de desespero durante o velório.
Lista das vítimas fatais
1. Juan Pablo Cruz dos Santos, 4 anos
2. Luiz Davi Carlos Rodrigues, 4 anos
3. Ruan Miguel Soares Silva, 4 anos
4. Ana Clara Ferreira Silva, 4 anos
5. Renan Nicolas dos Santos Silva, 4 anos
6. Cecília Davina Gonçalves Dias, 4 anos
7. Yasmin Medeiros Sabino, 4 anos,
8. Talita Vitória Bispo, 4 anos.
Adultos mortos
Damião Soares dos Santos, de 50 anos, autor do crime.
Heley de Abreu Silva Batista, 43 anos, a professora que salvou a maioria das crianças.
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Noite em claro
Depois de passarem a noite praticamente em claro nas dependências do Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, em Belo Horizonte, os parentes dos feridos programaram o embarque em vans para casas de repouso. Os espaços são comumente utilizados por pacientes e parentes que vêm do interior do estado para consultas e procedimentos médicos. Muitos foram avisados que os próximos boletins médicos deverão sair por volta das 16h, segundo informações dos próprios parentes.
De acordo com o armador Manuel Batista, de 45 anos, que é primo da professora da creche atacada, Marley Simone, de 42 anos, os parentes têm se solidarizado e o apoio de pessoas comovidas com a tragédia também é importante para confortar num momento tão duro como esse. "Estamos recebendo uma força das pessoas, muita gente que veio de Janaúba e está na mesma situação. O mais difícil é não poder falar com a pessoa. A Marley está entubada e só à tarde a gente vai poder saber alguma coisa dela", disse.
Marley foi transferida para Belo Horizonte nesta sexta-feira (6/10) com 40% do corpo queimado. No momento do ataque a professora estava no pátio com outras crianças e segundo informações chegou a enfrentar o incendiário e a retirar crianças de dentro da sala em chamas.
Aparentando intenso desgaste físico, a mãe e o pai de uma das crianças internadas preferiu ficar na casa do pai do ferido, que mora em Belo Horizonte, pois assim conseguiria ficar mais tempo de vigília no hospital, no aguardo de mais informações. Muito abalados, eles não quiseram se identificar nem dizer quem era a criança.