Um levantamento realizado pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi) revela que ao longo do ano passado 118 índios foram mortos nos estados brasileiros. O relatório, divulgado nesta quinta-feira (5/10) registra ainda o número de ataques contra reservas e de suicídios. Os dados usados no levantamento são da Secretaria Nacional de Saúde Indígena (Sesai), e podem aumentar, pois ainda estão sendo abastecidos. O que impressiona é a quantidade de óbitos entre crianças. Ao longo do ano passado foram registrados 735 mortes entre crianças menores de 5 anos nas comunidades tradicionais. A maioria perdeu a vida por conta de desnutrição e doenças que poderiam ser evitadas, como pneumonia.
[SAIBAMAIS]Se comparado ao ano de 2015, o número de assassinatos apresentou redução. Naquele ano foram 137 homicídios. As regiões mais violentas para a comunidade indígena estão no Maranhão, onde oito pessoas do povo Guajajara foram assassinados. Alguns tiveram partes de seus corpos arrancados e expostos pelos criminosos, em uma tentativa de intimidar os demais integrantes das aldeias. Mas os riscos também são grandes no Mato Grosso e no Amazonas.
O número de suicídios entre os indígenas também registrou aumento no ano passado. 106 índios tiraram a própria vida no ano passado, frente a 87 casos registrados em 2015. De acordo com o Cimi, grande parte desses casos está ligado a perspectiva de perda da terra onde moram ou de dificuldades alimentares produzidas pelo desmatamento da região de floresta que abastecem as comunidades.
Durante o governo da presidente Dilma Rousseff foram homologadas apenas 21 áreas destinadas aos povos indígenas. No governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foram 79. Números bem abaixo das homologações do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que homologou 145 terras ao longo de sua gestão, sendo o maior número de registros desde 1995.