A Rocinha passou por um intenso tiroteio na manhã desta sexta-feira. "Foi autorizado cerco na Rocinha para que se possa continuar o enfrentamento com criminosos", disse o ministro em coletiva no Palácio do Planalto. "O Exército não substitui a polícia. Quem está na ponta são os policiais. Nós atuamos por demanda", ponderou.
Segundo o ministro, o efetivo total que a União dispõe no Comando Militar Leste é de 30 mil homens e, operacionalmente, até 10 mil homens podem ser mobilizados de forma mais rápida caso haja necessidade. "Trinta mil é todo efetivo que o comando militar leste tem. Oficialmente, podemos deslocar 10 mil homens. Neste momento, por se tratar de uma demanda de urgência, você desloca com mais velocidade a polícia do Exército. Agora serão 700", explicou.
"O contingente pode aumentar, mas depende da demanda. Quem estabelece isso é o centro integrado", afirmou, dizendo que a União e o Estado do Rio estão trabalhando de forma harmônica.
Jungmann, que teve na manhã desta sexta um encontro com a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, para também tratar do assunto, disse ainda que o presidente Temer reiterou a disposição de manter o apoio das forças federais e de todos recursos orçamentários para tentar conter a crise de segurança no Estado. "Até hoje não tivemos escassez de recursos", garantiu
O ministro disse ainda que nos próximos dias o presidente e o ministro do Desenvolvimento Social, Osmar Terra, irão anunciar um "amplo pacote social" para o Estado.
Jungmann fez uma analogia com enfermidades e disse que o Rio está "na UTI" e que todos os tratamentos são fundamentais. Questionado sobre se o Estado não precisa de ações estruturantes em vez de soluções paliativas, o ministro comparou: "Você tem um doente na UTI e ele tem fraturas e hemorragia e cirrose. O que cuida primeiro? Hemorragia ou Cirrose? Estamos trabalhando sob a urgência e estruturalmente também", disse.
"Neste sentido, o presidente Temer liderou o processo de recuperação fiscal no Rio de janeiro. Ontem (quinta), o governador Pezão me disse que terá acesso ao credito de R$ 3 bilhões para colocar os salários em dia, inclusive o dos policiais", afirmou.
Segundo o ministro, o governador do Rio também vai retomar o sistema integrado de metas e ele acha que terá condições de policiamento. "Ele está empenhado em uma reestruturação das polícias e isso significa fortalecer as polícias do Rio", declarou. Jungmann disse ainda que Pezão "tem uma notícia de grande impacto na segurança e que irá para a Assembleia Legislativa". "Mas não posso falar, não posso adiantar.", finalizou.
Parlatórios
Raul Jungmann afirmou que teve uma "excelente reunião" com a nova Procuradora-Geral, Raquel Dodge, na qual apresentou a necessidade de que uma Força tarefa federal atue com o Ministério Publico e com a Polícia Federal para tentar combater a criminalidade crescente no Rio de Janeiro. Na conversa, segundo o ministro, Raquel fez a sugestão de que se instale parlatórios nos presídios para dificultar a comunicação dos detentos (com a parte externa) que continuam comandando o crime de dentro das prisões.
"Levei a ela a situação do Rio e a necessidade de uma força tarefa federal com MPF, Polícia Federal e Justiça Federal para combater não só o crime organizado, mas o estado paralelo que hoje existe no Rio de Janeiro", disse. "Ela me recebeu muitíssimo bem e ficou de dar resposta", completou.
Segundo divulgou a assessoria de imprensa da PGR, Raquel pediu a Jungmann que formalize uma proposta, indicando qual seria o papel de cada instituição no eventual grupo de trabalho, para que seja analisada por sua equipe.
Comunicação
Jungmann afirmou que concorda com a proposta de Raquel Dodge sobre a limitação de comunicação nas cadeias, pois elas são "home-offices do crime". "A procuradora-geral deu uma sugestão que é colocar parlatórios dentro dos presídios e espero que seja seguido pelos Estados", disse. O ministro informou que o contato dos presos com advogados e familiares livremente faz com que eles consigam comandar de dentro da prisão o crime nas ruas.
Segundo ele, a colocação deste tipo de mecanismo - no qual há cabines monitoradas e que separam o detendo do visitante - enfrenta resistência sobretudo por advogados criminalistas.
"Entre a relação de um advogado e uma pessoa que cometeu crime é uma coisa. Mas advogado de um bando pode ser ameaçado e chantageado. Não quero criminalizar os advogados, estou dizendo que temos casos diferentes", destacou. Segundo ele, a sugestão será levada ao presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)
Varreduras
O ministro negou que o Plano Nacional de Segurança tenha fracassado e disse que foram realizas 30 varreduras e que "um em cada três presos está armado" nas cadeias. "Boa parte do nosso sistema prisional é peneira", disse, destacando que as cadeias não são de responsabilidade da União e sim dos Estados. "Nós fizemos a varredura, agora mantê-las limpas é trabalho dos Estados", afirmou.
;Assunto encerrado;
Jungmann foi questionado ainda sobre a polêmica criada pelo general da ativa Antonio Hamilton Martins Mourão que, em palestra na última sexta-feira, em uma loja maçônica em Brasília, defendeu a possibilidade de intervenção militar diante da crise política que toma conta do País. "Me reuni com o comandante do Exército, ele emitiu nota e o assunto está encerrado", disse.
Em nota distribuída à imprensa às 21h desta quinta-feira, 21, o Centro de Comunicação Social do Exército informou que em reunião realizada à noite no Ministério da Defesa o comandante da Força, general Eduardo Villas Bôas, apresentou ao ministro da Defesa "as providências adotadas em relação ao episódio envolvendo o General Mourão, para assegurar a coesão, a hierarquia e a disciplina". Villas Bôas, no entanto, não citou que providências foram essas.