Jornal Correio Braziliense

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Um ano após os jogos, malha de transportes é um dos principais legados

A estação de metrô da Gávea foi a única que não ficou pronta a tempo e as obras ainda estão paradas um ano após os Jogos Olímpicos

Inicialmente um dos grandes desafios para a realização dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, a mobilidade urbana tornou-se um dos principais legados do evento. Passados os jogos, a cidade ganhou três corredores de BRT (Bus Rapid Transit, ou Transporte Rápido por Ônibus), uma nova linha do metrô ligando Ipanema, na zona sul, à Barra da Tijuca (Linha 4) e um Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) no centro da capital. A estação de metrô da Gávea foi a única que não ficou pronta a tempo e as obras ainda estão paradas um ano após os jogos.

Atualmente, a Linha 4 transporta 150 mil passageiros diariamente e a meta é que esse número dobre em dois anos. As linhas do BRT também têm perspectiva de crescimento no número de usuários.

A linha mais movimentada do BRT, a Transoeste (Barra ; Campo Grande ; Santa Cruz), tem 201 mil usuários por dia e meta de atender 220 mil. Com 155 mil passageiros por dia, a Transcarioca (Barra ; Aeroporto Internacional) busca atender 320 mil usuários e a Transolímpica (Barra da Tijuca - Deodoro), atende 30 mil passageiros por dia e a expectativa da prefeitura era que esse número chegasse a 70 mil.

Um ano após o início da operação comercial, o VLT ampliou em 60% a média de passageiros transportados diariamente, passando de 25 mil usuários em julho de 2016 para 40 mil pessoas por dia útil no último mês.

Bilhete único


Um dos obstáculos para a aumentar a demanda pelas novas linhas é a impossibilidade de se utilizar o bilhete único entre um modal e outro, o que encarece a passagem para o usuário. Muitos passageiros acabam optando pelos transportes que permitem utilizar o bilhete até duas vezes pelo preço de uma passagem.

A empregada doméstica Maria Beatriz de Jesus mora em Campo Grande, zona oeste da cidade, e pega quatro conduções para ir ao trabalho, no Leme, zona sul. ;Pego um ônibus, o BRT até o metrô, depois pego o metrô até Copacabana. De lá, pego outro ônibus. Gasto quase R$12 só para chegar no trabalho. Quase R$24 por dia. É muito dinheiro, se eles tivessem o bilhete único valendo para o metrô, BRT e ônibus, não gastaria tanto;.

Apesar do alto valor pago na passagem, Beatriz diz que a viagem ficou mais rápida com o BRT e o metrô. ;Pelo menos, tempo deu para economizar, dormir um pouco mais e ficar mais tempo com a família;, disse ela.

Viagens mais rápidas


O percurso entre as estações Jardim Oceânico (Barra) e Carioca (centro) é realizado atualmente em 30 minutos. De carro, o deslocamento entre a Barra e o centro da cidade leva, em média, quase duas horas.

No caso dos ônibus do BRT, uma pesquisa do Datafolha apontou que 89% dos passageiros disseram que a economia de tempo no deslocamento é a principal vantagem de usar o sistema, seguida por qualidade dos ônibus e preço da tarifa. Chegar rápido ao destino e não pegar trânsito e engarrafamento foram as respostas mais comuns dadas pelos entrevistados, que, em sua maioria (76%) usa os corredores para ir ou voltar do trabalho.

O levantamento revela ainda que 81% dos passageiros dos corredores exclusivos estão muito satisfeitos ou satisfeitos. No último levantamento, em 2015, feito pelo mesmo instituto, esse quantitativo era de 74%. O resultado da pesquisa mostrou também que os usuários da Transolímpica são os que melhor avaliaram o sistema, 88% de satisfação. No Transcarioca, foi de 84% e no Transoeste, 78%.

A concessionária do VLT informou que o tempo de espera reduziu em até 50% nos horários de pico, desde julho, caindo para até sete minutos. A viagem completa entre Santos Dumont e Rodoviária, por exemplo, atualmente dura em média 26 minutos, metade do tempo em relação ao início da operação.