As informações foram repassadas pelo secretário de Justiça e Cidadania do estado, Luis Mauro Albuquerque Araújo, em entrevista à Agência Brasil. Segundo o gestor, o problema de concepção do projeto foi a falta de condições mínimas de trabalho para o policial que ficasse de prontidão na guarita, como a inexistência de banheiro. ;O muro, por si só, ele protegeu a saída dos presos. O policial militar que estava dentro perdeu a visão, porque eles saíram depois do muro, então usaram o muro como proteção visual;.
O túnel tinha cerca de 30 metros de comprimento e começou a ser escavado de dentro do Pavilhão 1, abaixo de uma escada que dá acesso ao segundo pavimento e fica em uma área que não seria acessada pelos detentos de forma descontrolada se as celas tivessem grades. Como foram arrancadas durante uma rebelião ocorrida em 2015 e nunca foram substituídas, os presos andam livremente dentro do pavilhão, o que deu liberdade para que escavassem o túnel.
Falta de agentes
A falta de agentes penitenciários também foi apontada como causa da fuga e dos problemas no sistema prisional. São quatro trabalhadores por plantão em Parnamirim, para lidar com 589 internos. Pela falta de pessoal, segundo Luis Mauro, as vistorias acabam prejudicadas. ;Eles estavam soltos, então tinham tempo para trabalhar. As revistas eram feitas quando tinha efetivo;, diz o gestor. ;O efetivo está muito baixo. Não é só a vigilância, é toda a rotina de cadeia. Alimentação, atendimento médico, visita, atendimento aos advogados, levar para a Justiça, então é muito trabalho para pouco agente fazer;.
[SAIBAMAIS]Um concurso público para contratação de 571 agentes penitenciários está em andamento. O juiz Geraldo Antônio da Mota, da 3; Vara da Fazenda Pública, acatou ação do Ministério Público do Rio Grande do Norte e determinou que o Estado realizasse o certame. ;Com efetivo você já entra para colocar as grades e precisa ter efetivo para não perder mais o espaço, estar presente permanentemente;, diz Luis Mauro. A previsão é que em novembro a primeira turma comece a trabalhar, de acordo com o secretário de Justiça. O governo também pede ao Ministério da Justiça que amplie o reforço federal no estado.
Fuga
As providências em relação à fuga em massa foram as aberturas de sindicância e de inquérito da Polícia Civil (PC) para investigar as circunstâncias do ocorrido ; se houve facilitação por um agente penitenciário, por exemplo ; e a criação de uma força-tarefa que inclui as polícias Civil e Militar, as secretarias de Estado da Justiça e da Cidadania (Sejuc) e da Segurança Pública e da Defesa Social (Sesed). Por enquanto, nenhum dos 88 presos foi recapturado.
Inicialmente a Secretaria de Justiça havia informado a fuga de 82 presidiários, enquanto nove foram recapturados no momento em que tentavam escapar. Hoje o total foi corrigido para 88 pessoas. Os nomes e fotos dos fugitivos foram informados à imprensa local para que a sociedade ajude a encontrá-los.
Falta de grades
A falta de grades nas celas não é problema exclusivo da Penitenciária de Parnamirim. Das 32 unidades prisionais do Rio Grande do Norte, mais duas estão nessa situação: Cadeia Pública de Natal e Penitenciária Estadual do Seridó. A Penitenciária de Alcaçuz também constava na lista, mas passa por reforma depois do massacre de 26 presos e a fuga de 56 detentos acontecida em janeiro, durante um motim que durou 14 dias. Em um dos pavilhões de Parnamirim também estão sendo instaladas as grades, depois da fuga.
Recém-empossado no cargo, o secretário ; que é policial civil - foi questionado sobre o porquê das reformas e outros investimentos não terem sido feitos antes do massacre de Alcaçuz ou da fuga de Parnamirim: ;o sistema penitenciário do Rio Grande do Norte está abandonado há vários e vários anos. O governo está investindo pesado para reverter esse quadro definitivamente;.